MENSAGEM
1 Querida mãezinha Lourdes.
Abençoe-me.
2 Se posso começar esta carta com alegria, quero dizer ao seu carinho que seu filho está infinitamente reconhecido por sua lembrança.
3 Escutei suas preces:
— “Eu queria Dr. Bezerra, em nome de Jesus, notícias de meu filho em seu aniversário. Isso será nova energia para mim”…
— Seus pedidos ao benfeitor, a quem passamos a dever tanto, me tocou as entranhas da alma.
4 Uni-me às suas rogativas:
— “Desejo, meu Deus, gritava em pensamento, dizer à mamãe que sou grato”.
— E parece que uma ligação de alma para alma se fez de tal modo que o amigo espiritual com a vovó Marina me trouxeram até aqui.
5 Mamãe, muito obrigado.
O nosso dia 25 deste mês passará como os anteriores, com o seu coração em prece a me iluminar os caminhos, passará com as suas mãos repartindo bênçãos e com o meu espírito aprendendo a seu lado.
6 Aqui, pude entender com mais segurança as suas tarefas com meu pai Jacy, buscando minorar o sofrimento daqueles que sendo da família humana eram e são igualmente nossos irmãos.
7 Às vezes, embora não dissesse, pelo respeito que sempre me inspiraram, às vezes, repito, indagava de mim próprio porque a senhora e papai trabalhavam tanto para auxiliar fora de nossa casa a corações que eu supunha desconhecidos.
8 Mas aqui muitos desses irmãos me aguardavam; eram velhinhos que assim o foram no mundo, que me falavam de seu amor por eles na casa de Paulo de Tarso, eram mães agora consoladas e felizes que se referiam às suas visitas afetuosas aos filhos sofredores que ainda acalentam o mundo…
9 Isso tudo era tão novo e tão belo para mim que embora o sofrimento da separação do lar e dos meus me atingisse o coração por lâmina que se me entranhasse no peito, entendi mais depressa a obrigação de reagir.
10 A queda do avião fora um acontecimento de expressão indefinível.
Quando reconheci que a descida desgovernada era problema sem solução, pensei em suas preces por um segundo só…
11 Sabia que embaixo, no campo, devia estar a multidão em festa, conquanto a chuva que caíra momentos antes…
Entreguei-me, porém, a Deus, e nada mais senti que um longo arrepio precedendo o sono agitado em que penetrei…
12 O que foi semelhante pesadelo, não sei contar.
Sei apenas que me vi com a vovó Marina e com o bisavô Assyrio num campo de repouso que julguei a princípio fosse uma dependência de hospital para acidentados…
13 Até que me convenci de que não mais me vinculava ao Plano Físico, hesitei muito em admitir a verdade.
14 Vovó Marina me conduziu, então, à nossa casa e vi que a senhora não me via mais e, porque eu chorasse, me recordo de que o seu pensamento foi atraído para um retrato meu e ouvi as suas preces encharcadas de lágrimas por minha causa…
15 Então, foi a renovação em mim, porque a via quase que em desânimo com o papai desolado, diante da ocorrência…
Não sei como pude retomar as preces do tempo de criança, das quais já me havia esquecido…
E pedi a Deus lhes reerguesse as forças e os fizesse novamente viver. Daí para cá, venho passando por transformações e transformações.
16 Até hoje ignoro o destino do companheiro que me levou ao voo extra-programado e sei apenas que o socorro antecipado de muitos amigos espirituais provocaram o afastamento do público do local em que supunha viéssemos a fazer muito estrago.
17 Sei igualmente que uma criança foi arrancada à família, naquele instante inolvidável, mas nossos benfeitores daqui me acomodam o pensamento recomendando-me tempo de espera maior a fim de vê-la.
18 Agradeço, mamãe, agradeço ao seu carinho e ao carinho de meu pai por todas as bênçãos com as quais acendem sinais luminosos em meus novos caminhos.
19 Diga ao cunhado e à nossa Lícia que posso ainda tão pouco, no entanto, estarei com todos os corações queridos que deixei na Terra a fim de lhes ser útil.
Qualidades me faltam para isso, mas já possuo fé em Deus e sei que a Divina Providência fará por mim aquilo que ainda não sei, nem posso fazer.
20 Mamãe, abençoe-me e abençoe a todos os corações amados dos quais me separei, atendendo aos desígnios da Vida Superior.
21 Peço seja dito ao meu pai que muitos benfeitores daqui o auxiliaram na retomada da saúde.
Continuemos todos juntos.
22 Creia que teria desejado ficar em casa e prosseguir com todos os meus na viagem da Terra, mas os decretos de Cima funcionam de modo decisivo e sabemos que a Lei de Deus faz sempre o melhor que possamos receber.
23 Agradeço as preces dos amigos queridos e desejo comunicar à senhora que o nosso amigo Virgílio de Almeida, nos tempos últimos, tem sido para mim um instrutor e um amigo, treinando-me em tarefas da Vida Espiritual com a bondade que a senhora conhece.
24 Agora, querida mãezinha, não posso alongar-me.
É preciso terminar esta carta do coração, embora saibamos que nenhuma carta do coração pode ter fim.
25 Guardando a senhora e meu pai Jacy nos próprios braços que continuam fortes como sempre, peço-lhes de novo para que me abençoem, ao mesmo tempo que lhes entrego todo o meu coração de filho reconhecido.
Laerte n
COMENTÁRIOS
Ao reconhecer-se no Plano Espiritual, a beleza envolvente no coração de Laerte, em reconhecimento ao amor de seus pais e confirmado pela presença de Espíritos Amigos que o socorreram em gratidão por tudo que receberam quando asilados na Terra. Mães agradecidas pelas visitas que seus filhos, ainda no mundo, recebem. E o desejo de conhecer o menino que fora vítima ao chocar-se com seu avião, do companheiro programador do voo e o conhecimento do afastamento do público pelos muitos amigos espirituais.
O valor dessa mensagem se reveste de grande importância para nós outros, em geral.
PESSOAS E FATOS
Laerte Assyrio Chaves.
Nascimento: 25.9.1942.
Desencarnação: 19.7.1975.
Pais: Jacy Martins Chaves e Lourdes Assyria Chaves. Rua Turquesa, 697 - Prado - Belo Horizonte - MG.
Irmã: Lícia Assyria Chaves, caçula.
Avós: Mariana, materna, desencarnada 6 meses antes.
Bisavô Assyrio, materno, desencarnado no Líbano.
Cunhado: Marido de Lícia Assyria.
Criança mencionada: Menor falecido por ocasião do acidente, quando o avião bateu em uma parede e esta atingiu a criança.
Virgílio de Almeida: Conceituado espírita, amigo e vizinho, desencarnado.
Rubens S. Germinhasi