1 Mamãe Therezinha e papai Raimundo, n estou aqui para agradecer. Tanto carinho e tanta despesa com a roupa surrada e gasta do filho que já vive em outro corpo.
2 Entendo, mamãe Therezinha a sua preocupação.
O seu carinho não desejava que as minhas últimas lembranças ficassem encerradas num refúgio de outra família.
Creia que os seus cuidados me enterneceram, desde que desabrocharam em sua mente. Um abrigo somente para nós, um lugar à parte em que todos estivéssemos juntos no futuro.
3 Tentei dissuadi-la, mas não consegui.
Por fim, junto da vovó Maria Eugênia n e do nosso Dom Júlio Matiolli, n fui assistir a chamada trasladação.
Muito grato pelo amor com que me fizeram esse preito de carinho.
4 Ver o nosso Luiz Antônio n fazendo a triagem daqueles remanescentes de meu veículo físico, desajustado e que me fazia irreconhecível, me emocionou.
Maravilhoso amigo!
Não teve qualquer receio em me auxiliar as lembranças referidas, colocando-as, quais se fossem tesouros de ternura, na urna em que, afinal, a sua decisão materna se cumpriu. Agradeço por tudo, especialmente aos irmãos Carlos Ronaldo e ao Raimundo.
5 A operação realizada suscitou em mim a recordação de nossas fragilidades na Terra. Mãe Therezinha, muito obrigado, mas aquela vestimenta rota e transformada pelo tempo, em verdade, poderia ser aproveitada com mais utilidade se doada às plantas, a fim de que o cálcio fortalecesse as menos fortes; no entanto, você e meu pai Raimundo deliberam guardar-me os fragmentos de composição orgânica, usada por seu filho no Plano Físico e estou agradecido. 6 Entretanto, ouçam, desejo que aqueles segmentos de corpo em refúgio novo, fiquem por lá, muito e muito tempo, sem que ninguém da família venha a partilhar o retângulo de terra que escolheram para meu Monte.
Sei que não fizeram isso por vaidade e sim por muito amor e compreendo a ocorrência.
7 Mamãe Therezinha, a nossa Karlinha muitas vezes me interpreta os pensamentos de simpatia e dedicação fraterna para com o nosso Luiz Antônio, n não porque ela ame de modo mais profundo ao pai amigo, mas porque a criança intuitivamente sabe onde está a necessidade maior de alguém e o nosso Luiz Antônio se reconhece, muitas vezes, órfão de amor e compreensão.
Não sei, mas tenho a esperança de que ele e a nossa Carmem Radige restabeleçam a união. Quem sabe?
8 Um irmão, mesmo desencarnado, não dispõe do direito de interferir nas resoluções dos irmãos que ficaram no mundo, ainda assim não perco as esperanças.
Eles se amam com afeição verdadeira e, com a bênção de Jesus, tudo pode voltar ao reajuste.
9 Dom Júlio n continua a nos auxiliar a todos com o zelo de um pastor devotado e fiel.
Ele vem amparando ao nosso Raimundinho, ao nosso Carlos Ronaldo, à nossa Carmem a nossa Patrícia n e prossegue a me inspirar renovação nas tarefas do IDEAL n que ele e nós consideramos por santuário de bênçãos.
10 Querida mãezinha, continuo contando com a sua serenidade e coragem. As lutas em família, de certo modo, se assemelham às provas de um educandário e agradeço as belas notas que o seu querido coração tem obtido em paciência e compreensão, duas matérias difíceis para qualquer pessoa.
11 Estou feliz vendo o meu pai Raimundo operoso e forte na fé em Deus e, sinceramente, se me comunico é unicamente para exprimir alegria e reconhecimento pelo muito amor que recebo dos pais queridos e dos queridos irmãos.
12 É natural que ainda me veja confinado ao reduto doméstico, porquanto, o carinho foi sempre o clima de nossos corações no lar querido que Deus nos concedeu.
13 Vou terminar com as bênçãos da vovó Maria Eugênia n em favor de nós todos. 14 E agradecendo aos pais queridos, mais uma vez, com um abraço ao papai Raimundo, peço à mamãe Therezinha receber o amor imenso do seu filho, sempre mais seu.
Claudinho n
17.03.1984.