O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Viajaram mais cedo — Familiares diversos


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Joaquim Afonso Carvalho

Campos Altos (MG), 26 de junho de 1959.
Belo Horizonte (MG), 18 de dezembro de 1978.

Aluno do curso de Edificações, em Belo Horizonte, Joaquim Afonso visitava sempre os familiares em Campos Altos - MG.

Numa dessas viagens ocorreu o acidente que lhe retiraria a vida física e o convívio mais próximo com os pais, Clóvis Carvalho e Jurandir Afonso Carvalho, e com os irmãos, Lídia, Adriana, Alessandra, Raquel e Júnior. Na foto que apresentamos, Joaquim Afonso aparece ao lado da sua irmã Adriana. [v. pág. 47 do livro impresso.]

Natural de Campos Altos, Joaquim Afonso desencarnou em acidente rodoviário no Natal de 1978, aos 19 anos de idade.

A seguir, apresentaremos algumas palavras de sua genitora e as duas mensagens enviadas pelo nosso jovem autor, através de Chico Xavier.




DEPOIMENTO


Com o inconformismo quase nos levando à loucura, pela perda do filho ainda tão jovem, os amigos buscavam consolar-nos por todos os meios possíveis.

Eu já ouvira falar de Chico Xavier, tinha mesmo vontade de conhecê-lo, mas em circunstâncias mais alegres. Foi quando minha mãe e meus irmãos se dispuseram a levar-me até Uberaba.

Fui, como quem nada quer, levada na esperança de um consolo maior; fazia um mês que meu filho partira. Recebi pequena notícia a respeito dele que me trouxe algum alívio.

Passados dez meses, voltei a Uberaba, mas foi na sétima vez que lá estive, um ano e quatro meses de sua desencarnação, que recebi a tão sonhada mensagem.

Onze meses após ter recebido a primeira carta, recebi a segunda, tão linda quanto a primeira. Aliás, nela, meu filho fala do mesmo modo que o fazia quando entre nós, pois, em suas cartas de Belo Horizonte, também perguntava por todos os irmãos, citando-lhes o nome, do mais velho ao caçula.

As páginas enviadas pelo querido Joaquim Afonso muito nos ajudaram, ensinando-nos a superar a difícil separação, deixando-nos a certeza de que continua conosco.


Jurandir Afonso Carvalho




PRIMEIRA MENSAGEM


1 Querida mãezinha Jurandir, peço a sua bênção, rogando igualmente a Deus nos proteja a todos.

2 Escrevo apressadamente, na certeza de que minhas palavras lhe trarão a tranquilidade precisa.

3 Mamãe, não se julgue culpada pelo fato de havermos regressado a Campos Altos, porque estivesse eu onde estivesse, aquele dia, 18 de dezembro, era meu dia de retorno ao Mundo Espiritual.  n

4 Peço a sua calma e fique em paz a meu respeito. Preciso que suas lágrimas sejam de gratidão a Deus e não de mágoa.

5 Lamento que o Roberto e o Vandinho  n estivessem na ocorrência, porque ambos são excelentes companheiros que recomendo ao seu cuidado e bondade.

6 Peço dizer ao papai Clóvis que estou bem. O meu avô Joaquim tem sido o meu segundo pai.

7 Mãezinha, recorde nossas queridas Lídia, Adriana, Alessandra, Raquel e o nosso Juninho, e procure estar tranquila. Deus nos protegerá.

8 Beijos de seu filho

Joaquim Afonso Carvalho

19.04.1980.    




SEGUNDA MENSAGEM


1 Mamãe Jurandir, abençoe-me.

2 Sinto-a assim de tal modo sozinha que pedi aos mentores que nos dirigem o necessário consentimento para endereçar, ao seu coração querido, algumas palavras que consigam enfeixar os meus pensamentos numa carta mais longa.

3 Agradeço, mamãe, os seus cuidados e a sua saudade.

4 Os filhos e as mães estão interligados mesmo além da morte do corpo, através de fios invisíveis de amor que o tempo não desgasta.

5 Ouvi os seus pensamentos configurando indagações que me comoveram:
“Será, meu Deus, que outras mães situadas na vida com mais amplo reconforto, serão mais anotadas na Vida Espiritual? Por que não consigo romper as barreiras que me impedem ouvir o filho do coração?”

6 Mãezinha querida, para Deus não existem mães diferentes. Todas são obreiras da vida, atendendo aos imperativos das leis que nos regem.

7 Não existem mães abastadas ou mães esquecidas; todas são ricas de amor pela herança de compreensão e ternura com que o Céu as criou para a alegria da Terra.

8 Desejo, saiba que se não me comuniquei até agora, em resposta às suas expectativas, isso acontece em vista da organização de trabalho a que nos cabe atender.

9 Quero dizer-lhe que sabemos quanto lhe custa a viagem de nossa casa até aqui e acompanho os seus sonhos de acalentar-nos um diálogo no qual posso repetir quanto a amo…

10 Observo o seu carinho, poupando cruzeiro a cruzeiro para sua jornada.
A saudade faz prodígio em suas lutas econômicas, a fim de realizar esta romaria de carinho e de fé na imortalidade.

11 Ouço o papai Clóvis a comentar a sua coragem, indagando se você acredita realmente na sobrevivência de seu filho…

12 Compreendo a humildade de suas respostas e os seus pedidos de aprovação, formulados com a timidez respeitosa ao companheiro querido que me deu a existência, em nome de Deus, em sua companhia.

13 Não admita que o papai Clóvis se omita por menosprezo à sua fé. O sofrimento nele é semelhante a uma nascente de pranto mais profundamente instalado nos recessos do seu espírito criativo e valoroso.

14 Deixemos ao papai a escolha do tempo que nos possibilite a conversa escrita, mas façamos isso com o apreço e o carinho que ele nos merece.

15 Entendo hoje com mais segurança a luta do homem de bem, chamado pelas circunstâncias a manter e resguardar uma família numerosa. Nós, porém, oraremos juntos em lugar dele. E falaremos do amor com que lhe seguimos os passos e com que rogamos a Jesus protegê-lo sempre.

16 Mãezinha Jurandir, não permita que a saudade se faça nuvem nos seus pensamentos. É verdade que voltei cedo à Vida Diferente em que me vejo, mas isso não quer dizer que estarei inútil.

17 Meu olhar encontra o seu, quando você imagina me ver na verde extensão da paisagem que emoldura Campos Altos e escuto seu coração a indagar sobre o ponto do espaço em que estará seu filho liberado da experiência física…

18 Não pergunte por isso, porquanto, onde o amor se encontra, aí se reencontram constantemente os que se amam.

19 Tenho melhorado e venho procurando colaborar consigo para que a nossa Lídia e a nossa Adriana, a nossa Alessandra e a nossa Raquel, com o nosso caro Juninho, se desenvolvam felizes.

20 Peço-lhe, guarde intactas nossas esperanças. Não me recorde no acidente em que meu corpo tomou a feição da roupa estragada a golpes violentos da adversidade. Tudo passou.

21 Lembre-me em nossa alegria e em nossa confiança nos dias que são justamente os de agora. Somos felizes de maneira diversa daquela com que esboçávamos o futuro que é hoje o presente.

22 Não se creia menos protegida, porque lhe falta a presença de um filho dentre a meia dúzia de corações que o Senhor lhe confiou.

23 As irmãzinhas amanhã estarão jovens, estudando e trabalhando, e o nosso querido Júnior será um esteio de paz e amor em nossa casa.

24 Pense em vida que não desaparece, porque em verdade, mamãe Jurandir, só existe vida palpitante em toda parte.

25 Aos nossos caros amigos Roberto e Vandinho, companheiros de minha excursão última, as minhas saudações fraternais, com a certeza de que prosseguiremos em abençoada união espiritual.

26 Ao papai Clóvis, o abraço que desejaria doar com os meus melhores sentimentos de respeitosa gratidão. Sei que ele tomará conhecimento de minhas palavras, refletindo-me a mudança, mas me identificará no íntimo, observando que me encontro no anseio de acertar com meus deveres cumpridos, na trilha que ele sempre esperou que fosse a minha estrada no cotidiano.

27 Mãe querida, muito obrigado por seu amor e por sua ternura constante.

28 O vovô Joaquim e a vovó Maria Similiana  n aqui se acham comigo e se fazem lembrados à família com os agradecimentos habituais.

29 E enviando muitas flores de carinho ao Júnior e às irmãs queridas, deixo em seu coração ansioso de mãe todo o coração repleto de saudades e esperanças do seu filho,


Joaquim Afonso Carvalho

21.03.1981.    


Caio Ramacciotti

Paulo de Tarso Ramacciotti



[1] D. Jurandir vivia martirizada pela saudade e pela ideia de culpa, quanto ao acidente que envolveu o filho, evidentemente sem outra razão que não o carinho e o zelo de genitora amorosa. Joaquim Afonso a tranquiliza do Plano Espiritual.

[2] Roberto e Vandinho, companheiros que se encontravam no mesmo veículo acidentado. Ambos residem em Campos Altos.

[3] Joaquim José Afonso, avô materno, desencarnado em 1959. Maria Similiana, bisavó, há mais de 50 anos na Vida Maior.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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