“E os principais dos sacerdotes tomaram a deliberação de matar também a Lázaro.” — (JOÃO, 12.10)
1 Interessante observar as cogitações do farisaísmo, relativamente a Lázaro, nas horas supremas de Jesus.
2 Não bastava a crucificação do Mestre. Intentava-se, igualmente, a morte do amigo de Betânia.
3 Lázaro fora cadáver e revivera, sepultara-se nas trevas do túmulo e regressara à luz da vida. 4 Era, por isso, uma glorificação permanente do Salvador, uma cura insofismável do Médico Divino. 5 Constituiria em Jerusalém a carta viva do poder do Cristo, destoava dos conterrâneos, tornara-se diferente.
6 Considerava-se, portanto, indispensável a destruição dele.
7 O farisaísmo dos velhos tempos ainda é o mesmo nos dias que passam, apenas com a diferença de que Jerusalém é a civilização inteira. 8 Para ele, o Mestre deve continuar crucificado e todos os Lázaros ressurgirão sentenciados à morte.
9 Qualquer homem, renovado em Cristo, incomoda-o.
10 Há participantes do Evangelho que se sentem verdadeiramente ressuscitados, trazidos à claridade da fé, após atravessarem o sepulcro do ódio, do crime, da indiferença….
11 O farisaísmo, entretanto, não lhes tolera a condição de redivivos, a demonstrarem a grandeza do Mestre. Instala perseguições, desclassifica-os na convenção puramente humana, tenta anular-lhes a ação em todos os setores da experiência.
12 Somente os Lázaros que se unam ao amor de Jesus conseguem vencer o terrível assédio da ignorância.
13 Tem, pois, cuidado contigo mesmo.
Se te sentes trazido da sombra para a luz, do mal para o bem, ao sublime influxo do Senhor, recorda que o farisaísmo, visível e invisível, obedecendo a impulsos de ordem inferior, ainda está trabalhando contra o valor de tua fé e contra a força de teu ideal.
14 Não bastou a crucificação do Mestre.
Também tu conhecerás o testemunho.
Emmanuel
[1] [“Também tu?” Com sinal de interrogação, consta do título do capítulo 61 desse livro, mas não em seu índice; a expressão faz parte do último parágrafo desse capítulo.]