1 Meus amigos, no serviço
De prece e doutrinação,
Cada Espírito que sofre
É a bênção de uma lição.
2 Ouvindo os desencarnados
Em lutas de consciência,
Permaneceis navegando
Nas águas da advertência.
3 Tantos náufragos em treva,
Sem clarão que os reconforte,
São apelos da verdade,
Gritando no mar da morte.
4 O malfeitor que aparece
No tormento que o redime,
Bramindo, desarvorado,
É mensagem contra o crime.
5 Paranoicos revoltados,
Em vozerio e barulho,
São avisos dolorosos
Contra os flagelos do orgulho.
6 Apaixonados que clamam,
Entre a demência e o furor,
Revelam a delinquência
Que se rotula de amor.
7 Sovinas desesperados,
Sob o tacão da secura,
São vivas lições na estrada
Contra os perigos da usura.
8 Suicidas em desalento,
Que a dor pavorosa espia,
Demonstram à saciedade
Os monstros da rebeldia.
9 As mentes em vício e ódio,
Sob lama deletéria,
Mostram em toda a extensão
A ignorância e a miséria.
10 Tiranos paralisados,
No suplício da aflição,
Indicam que há fogo e cinza
Nos tormentos da ambição.
11 Espíritos que perseguem
A carne enferma e insegura
São tristes apontamentos
De vampirismo e loucura.
12 Obsessores que bradam
Em sofrimentos atrozes
Ensinam que, além do corpo,
Há chagas e psicoses.
13 Meus irmãos, não olvideis,
No campo do aprendizado,
Que, acendendo a luz no Além,
Quem doutrina é doutrinado.
Casimiro Cunha
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