Encerrávamos a nossa reunião da noite de 2 de fevereiro de 1956, quando o nosso amigo espiritual José Xavier, ocupando o canal psicofônico, falou-nos, fraternal:
— “Entre as sociedades mais avançadas dos tempos modernos, é hábito consagrar determinados dias do ano a personalidades e Instituições que enriquecem a vida. Temos, por exemplo, o Dia das Mães, o Dia dos Pais, o Dia dos Professores, o Dia do Trabalho, o Dia do Comércio…
“Apreciando essas homenagens justas, por que não estabelecermos o Dia da Terra, em que todos os Espíritos encarnados dediquem algum tempo a proteger um manancial, a plantar uma árvore benfeitora, a socorrer um jardim, a reparar uma estrada ou a curar uma chaga de erosão na gleba produtiva?
“Assim o entende o nosso companheiro Amaral Ornellas, n que nos pede alguns instantes de silêncio para trazer ao nosso grupo o seu pensamento de amor à nossa grande escola, à nossa Terra Mãe!…
“Consagremos, assim, alguns minutos à quietude mental e à oração, de modo a cooperar com o nosso amigo presente.”
Com efeito, dai a momentos, o grande poeta desencarnado, utilizando-se do médium, pronunciou o belo soneto que vamos ler.
1 Agradece, cantando, a Terra que te abriga.
Ela é o seio de amor que te acolheu criança,
O berço que te trouxe a primeira esperança,
O campo, o monte, o vale, o solo e a fonte amiga…
2 Do seu colo desponta a generosa espiga,
Que te farta o celeiro e te rege a abastança,
Dela surge, divino, o lar que te descansa
A mente atribulada entre o sonho e a fadiga.
3 Louva-lhe a própria dor amarga, escura e vasta,
E exalta-lhe o grilhão que te encadeia e arrasta,
Constringindo-te o peito atormentado e aflito.
4 Bendize-lhe as lições na carne humilde e santa…
A Terra é a Grande Mãe que te ampara e levanta
Das trevas abismais para os sóis do Infinito!…
Amaral Ornellas
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