Na noite de 7 de julho de 1955, fomos surpreendidos por imenso reconforto, porquanto, pela primeira vez, recolhemos a palavra do Dr. Alberto Seabra, n abnegado médico e distinto escritor espiritista, que nos falou com respeito ao mundo mental.
1 Quando os Instrutores da Sabedoria preconizam o estudo, não desejam que o aprendiz se intelectualize em excesso, para a volúpia de humilhar os semelhantes com as cintilações da inteligência, e, quando recomendam a meditação, decerto não nos inclinam à ociosidade ou ao êxtase inútil.
2 Referem-se à necessidade de nosso aprimoramento interior para mais vasta integração com a Luz Infinita, porque o reflexo mental vibra em tudo.
3 Nossa alma pode ser comparada a espelho vivo com qualidades de absorção e exteriorização.
4 Recolhe a força da vida em ondas de sentimento e emite-as em ondas de pensamento a se expressarem através de palavras e atitudes, exemplos e fatos.
5 Refletimos, assim, constantemente, uns nos outros.
6 É pelo reflexo mental que se estabelece o fenômeno da afinidade, desde os reinos mais simples da Natureza.
7 Vemo-lo nos animais que se acasalam, no mesmo tom de simpatia, tanto quanto nas almas que se reúnem na mesma faixa de entendimento.
8 Quando se consolida a amizade entre um homem e um cão, podemos registar o reflexo da mente superior da criatura humana sobre a mente fragmentária do ser inferior, que passa então a viver em regime de cativeiro espontâneo para servir ao dono e condutor, cuja projeção mental exerce sobre ele irresistível fascínio.
9 É desse modo que Espíritos encarnados podem influenciar entidades desencarnadas, e vice-versa, provocando obsessões e perturbações, tanto na esfera carnal como além-túmulo.
10 As almas que partem podem retratar as que ficam, assim como as almas que ficam podem retratar as que partem:
11 Quando pranteamos a memória de alguém que nos antecede, aí no mundo, na viagem da morte, atiramos nesse alguém o gelo de nossas lágrimas ou o fogo de nossa tortura, conturbando-lhe o coração, toda vez que esse Espírito não for suficientemente forte para sobrepor-se ao nosso infortúnio. 12 E quando alguém se ausenta da carne, carreando aflições e pesares procedentes de nossa conduta, arremessará da vida espiritual sobre nossa alma os dardos magnéticos da lembrança infeliz que conserva a nosso respeito, prejudicando-nos o passo no mundo, caso não estejamos armados de arrependimento para renovar a situação, criando imagens de harmonia restauradora.
13 Em razão disso, convém meditar nos ideais, aspirações, pessoas e coisas que refletimos, porque todos nos subordinamos, pelo reflexo mental, ao fenômeno da conexão.
14 Estamos inevitavelmente ligados a tudo o que nos merece amor. Essa lei é inderrogável em todos os planos do Universo.
15 Os mundos no Espaço refletem os sóis que os atraem, e a célula, quase inabordável no corpo humano, reflete o alimento que lhe garante a vida. Os planetas e os corpúsculos, porém, permanecem escravizados a leis cósmicas e organogênicas irrevogáveis.
16 O Espírito consciente, no entanto, embora submetido às leis que lhe presidem o destino, tem consigo a luz da razão que lhe faculta a escolha.
17 A inteligência humana, encarnada ou desencarnada, pode contribuir, pelo poder da vontade, na educação ou na reeducação de si própria, selecionando os recursos capazes de lhe favorecerem o aperfeiçoamento.
18 A reflexão mental no homem pode, assim, crescer em amplitude e sublimar-se em beleza para absorver em si a projeção do Pensamento Superior.
Tudo dependerá de nosso propósito e decisão.
19 Enquanto nos comprazemos com a ignorância ou com a indiferença para com os princípios que nos governam, somos cercados sem defensiva por pensamentos de todos os tipos, muitas vezes na forma de monstruosidades e crimes, em quadros vivos que nos assaltam a imaginação ou em vozes inarticuladas que nos assomam à acústica do espírito, conduzindo-nos aos mais escuros ângulos da sugestão.
20 É por isso que notamos tanta gente ao sabor das circunstâncias, aceitando simultaneamente o bem e o mal, a verdade e a mentira, a esperança e a dúvida, a certeza e a negação, à maneira de folha volante na ventania.
21 Eduquemo-nos, estudando e meditando, para refletir a Divina Inspiração.
22 Lembremo-nos de que o impulso automático do braço que levanta a lâmina homicida pode ser perfeitamente igual, em movimento, ao daquele que ergue um livro enobrecedor.
A atitude mental é que faz a diferença.
23 Nosso pensamento tem sede de elevação, a fim de que a nossa existência se eleve.
24 Construamos em nós o equilíbrio e o discernimento.
25 Rendamos culto incessante à bondade e à compreensão.
26 Habitualmente contemplamos no espelho da alma alheia a nossa própria imagem, e, por esse motivo, recolhemos dos outros o reflexo de nós mesmos ou então aquela parte dos outros que se harmoniza com o nosso modo de ser.
27 Não bastam à nossa felicidade aquisições unilaterais de virtude ou valores incompletos.
Todos temos fome de plenitude.
28 O desejo é o ímã da vida.
29 Desejando, sentimos, e, pelo sentimento, nossa alma assimila o que procura e transmite o que recebe.
30 Aprendamos, pois, a querer o melhor, para refletir o melhor em nossa ascensão para Deus.
Alberto Seabra