1 “Bate mais!… Bate mais!…” — E a senhora proclama:
— “Escravo sem valor que morra na senzala!”
O relho, em mão cruel, se desenrola, estala
E a vítima, sangrando, expira sobre a lama.
2 Quanto infeliz tombado ao pé da nobre dama!…
Chega um dia, porém… Ei-la inerme, sem fala…
Compadecidamente, a morte vem buscá-la.
No Além, chora, censura, esbraveja, reclama…
3 Por fim, quer renascer… Dá-lhe o Céu vida nova.
Hoje, bela mulher, guarda um leito de prova,
A dor lhe fere a carne e agarra o peito rouco…
4 Sob o relho da angústia, a dona do passado
Morre, sentindo o corpo exânime e quebrado,
Ao câncer que a constringe e exaure, pouco a pouco.
Silva Ramos
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