1 Reecontrei-te, afinal, entre provas austeras…
Ontem, ouro e brasão — senhora das senhoras —
Hoje, vagas ao léu, ninguém sabe onde moras,
Louca atirada à rua, em pranto, deblateras!…
2 Ajusta-se-te a pele em túrgidas crateras,
Transformou-se-te o tempo em calvário das horas!
Apedrejam-te e ris… Acalentam-te e choras…
Nada lembra em teu vulto a dama de outras eras.
3 Louca!… Zombam de ti, quando surges na estrada,
Trazes a expiação da beleza culpada,
Lembro-te, sofro… E, ao ver-te, em mágoa, me constranjo!…
4 Mas bendize, senhora, o corpo em lama e trevas!…
Nele plasmas com a dor das lágrimas que levas
A brancura de um lírio e a beleza de um anjo!…
Epiphanio Leite
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