1 Era Nhá Nica, a esposa de Nho Tato,
Muito feliz na Roça do Fundão,
Mas dizia ao marido: “Filho, não!…
Que não quero feiura em meu retrato”.
2 Teimosa, ela bebia chá do mato
E tanto fez aborto sem razão,
Que, um dia, enfraqueceu, de supetão,
E morreu num cubículo sem trato.
3 Noutra vida, Nhá Nica chora em luta…
E só grito e gemido que ela escuta…
Cansada de sofrer, quer novos pais.
4 A pobre pede corpo a toda gente,
Mas onde vai faz frio de repente
E quem sente esse frio corre mais…
Cornélio Pires
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