O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Vida e sexo — Emmanuel


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Tédio no lar

«Pergunta. — Uma vez que os Espíritos simpáticos são induzidos a unir-se, como é que, entre os encarnados, frequentemente só de um lado há afeição e que o mais sincero amor se vê acolhido com indiferença e, até, com repulsão? Como é, além disso, que a mais viva afeição de dois seres pode mudar-se em antipatia e mesmo em ódio?»

«Resposta. — Não compreendes, então, que isso constitui uma punição, se bem que passageira? Depois, quantos não são os que acreditam amar perdidamente, porque apenas julgam pelas aparências, e que, obrigados a viver com as pessoas amadas, não tardam a reconhecer que só experimentaram um encantamento material! Não basta uma pessoa estar enamorada de outra que lhe agrada e em quem supõe belas qualidades. Vivendo realmente com ela, é que poderá apreciá-la. Tanto assim que, em muitas uniões, que a princípio parecem destinadas a nunca ser simpáticas, acabam os que as constituíram, depois de se haverem estudado bem e de bem se conhecerem, por votar-se, reciprocamente, duradouro e terno amor, porque assente na estima! Cumpre não se esqueça de que é o Espírito quem ama e não o corpo, de sorte que, dissipada a ilusão material, o Espírito vê a realidade.

«Duas espécies há de afeição: a do corpo e a da alma, acontecendo com frequência tomar-se uma pela outra. Quando pura e simpática, a afeição da alma é duradoura; efêmera a do corpo. Daí vem que, muitas vezes, os que julgavam amar-se com eterno amor passam a odiar-se, desde que a ilusão se desfaça.»

Item n.º939, de «O LIVRO DOS ESPÍRITOS».


1 Entre muitos pares de criaturas enleadas nos ajustes do coração, o tédio reponta, lembrando ácido inesperado, azedando a vida em comum .

2 Algumas vezes, é o parceiro que se arroja na indiferença; de outras, é a parceira que se entrega à secura ou ao relaxamento.

3 Tão logo surjam semelhantes pragas na lavoura doméstica, é razoável se faça judiciosa autoanálise, de lado a lado, a fim de que o parasito destruidor da felicidade seja erradicado completamente.

4 Quando o homem e a mulher se confiam um ao outro, pelos vínculos sexuais, essa rendição é tão absoluta que passam, praticamente, a viver numa simbiose de forças, qual se as duas almas habitassem num só corpo. No ligamento afetivo, ambas recordam o cérebro e o coração, vibrando em sintonia numa existência indivisa.

5 Compreensível que se um dos companheiros ou mesmo ambos esmorecem na indiferença, sem cogitarem da responsabilidade que abraçaram um perante o outro, é a morte da união que sobrevém, inevitável, com os resultados infelizes de que se fará seguir, indiscutivelmente.

6 Verificada a presença do tédio, é imperioso ausculte, cada um deles, o próprio íntimo, de modo a saber se o desequilíbrio estará enraizado nos desregramentos poligâmicos, que nos marcaram a individualidade em existências pretéritas, a fim de corrigir-se, em salvadora dieta emotiva, a compulsão que, porventura, os arraste ainda para a fome de prazeres inúteis.

7 A sexualidade no casal existe, sobretudo, em função de alimento magnético entre os dois corações que se integram um no outro e daí procede a necessidade de vigilância para que a harmonia não se perca, nesse circuito de forças.

8 Noutros lances da experiência, observarão parceiro ou parceira, conforme o caso, que a influência de alguém lhes atinge o âmago do ser, incitando-os a ligações sexuais diferentes.

9 É o pretérito que volta, apresentando, de novo, aquelas mesmas criaturas com quem talvez tenhamos enveredado no labirinto de experiências francamente infelizes. Carreiam consigo os mesmos ingredientes de sedução, com que nos arredaram de obrigações assumidas, sugerindo-nos o retorno a processos de vida incompatíveis com o nosso dever e tentando deslocar-nos a mente dos alicerces do equilíbrio em que o tempo nos restaurou.

10 Seja qual seja o motivo em que o tédio se fundamente, recorram os companheiros imanizados em mútua associação no lar ao apoio recíproco mais profundo e mais intensivo. Com isso estarão em justa defesa da harmonia íntima, sem castigarem o próprio corpo. E reeducar-se-ão, sem hostilizar os que, porventura, lhes demonstrem afeto, mas acolhendo-os, não mais na condição de cúmplices das aventuras deprimentes, a que se renderam outrora, e sim por irmãos queridos, com quem podemos fundir-nos, em espírito, no mais alto amor espiritual. n


Emmanuel



[1] [Observação: O último parágrafo dos capítulos 12 e 13 desse livro, em edições mais recentes, foram trocados; aqui ele está em sua 1ª edição.]


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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