Plínio Pereira Ribeiro, o poeta de Meu casebre, Luz de querosene e outras obras da mais pura sensibilidade, um dos fundadores e integrantes do Clube dos jornalistas espíritas de São Paulo, tendo passado para o Além, enviou a seguinte mensagem a sua esposa, D. Jupyra de Oliveira Ribeiro, em Pedro Leopoldo (MG), na data de 13 de dezembro de 1958.
1 Jupyra, minha flor, quando se diluiu a sombra da noite, contemplei deslumbrado a luz do novo dia. Retratei nas próprias lágrimas o íris do alvorecer. Lágrimas que eram alegria e sofrimento, felicidade e dor, aflição e esperança.
2 Flores orvalhadas adornavam os caminhos. Brisas cariciosas passavam de leve, refrigerando a cabeça fatigada do viajor que era eu.
3 Nos ares, melodias de ternura vinham de cordas invisíveis que o vento tangesse com os seus mil dedos ocultos.
4 Bifurcava-se a estrada. Novo rumo, vida nova… Braços amigos procuravam-me o coração, para sustentá-lo.
5 Vozes consoladoras assopravam coragem para dentro de mim.
6 Morrera ou renascera?
7 O corpo gasto cedera lugar a outro corpo, tão obediente e tão leve que mais parecia uma túnica entretecida de penugem misteriosa que pensasse por si.
8 Compreendi tudo então. Refundira-se-me o ser, restaurava-se minha alma.
9 Júbilo intenso apossou-se de mim. No entanto, de repente, converteu-se em pranto mudo…
10 Era a saudade do seu carinho, que ficava na retaguarda, era você em mim próprio… Foi então, minha flor, que entendi, afinal, que eu não podia passar do divino prefácio do livro da eternidade sem você comigo, porque você é o amor de que sempre me nutro, e somente em você brilha a luz do meu céu.
Carinho, muito carinho do seu:
Plínio