O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Viajores da luz — Familiares diversos


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Lidaí Benini

Na véspera de sua desencarnação, Lidaí Benini estivera na sede da AABB, Associação Atlética do Banco do Brasil, com seus 5 filhos, os dois Beninis, Murilo e Leandro, e os sobrinhos Marcelo, Marco Túlio e André Luiz, que amava por filhos, desde o falecimento dos pais, o Dr. Romeu Gonçalves Ferreira, irmão gêmeo da esposa do Lidaí, e D. Zilda Aparecida de Souza Ferreira, ocorrido 4 anos antes.

Nessa noite de quinta-feira, organizava animado, na AABB, a festa junina dos funcionários do Banco do Brasil de Votuporanga. Conceituado no Banco, amigo paternal dos colegas de trabalho, Lidaí, casado com Clarice do Carmo Ferreira Benini, era também advogado e economista.

Espírita praticante, companheiro de Romeu Grisi no Centro Espírita Emmanuel, querido de toda Votuporanga, Lidaí Benini sabia que pelos graves problemas cardíacos que apresentava, a qualquer hora seria chamado pela Providência Divina.

E inesperadamente o foi no dia seguinte. Exatamente às 23 horas da quinta-feira, 27 de junho de 1974.

Grande Espírito, deixou gigantesca obra, plantada no coração dos familiares, amigos, colegas de trabalho e companheiros de Votuporanga — sua extrema bondade que o fez querido de todos.

O equilíbrio que lhe caracterizava a personalidade patenteia-se na mensagem que o leitor conhecerá a seguir e da qual destacamos sua carinhosa observação aos filhos queridos: “Recordei que atravessávamos a véspera de sábado, com muito desejo de fazer um programinha com as crianças”.

Perguntamos a D. Clarice se era hábito do marido “fazer programinhas” com as crianças e sua esposa falou-nos comovida de seu amor e carinho tão grande para com os filhos do sangue e do coração, elaborando realmente, sempre que possível, esquemas de lazer junto deles. Consideramos curiosa a palavra simples do pai carinhoso, narrando a impossibilidade de estar com os filhos. Certamente essa nota da mensagem psicográfica dá ideia da grandeza e da simplicidade de alma do Lidaí.

Nascido em Olímpia, SP, a 17 de abril de 1936, LIDAÍ BENINI faleceu em Votuporanga, aos 38 de idade, no dia 27 de junho de 1974.




MENSAGEM DE LIDAÍ BENINI  n


1 Querida Clarice, peço a Jesus nos fortaleça.

2 Estou ainda convalescente. Quase criança que não sabe se cresceu depressa ou quase na condição de um homem que se vê repentinamente criança.

3 Ainda preciso de tudo. De tudo que se relacione com socorro e assistência. Por esta razão, rogo a você continue me auxiliando.  4 A atitude dos que ficam, dita, por muito tempo, a situação dos que partem da Terra.

5 Refiro-me aos companheiros de meu tempo de ação, especialmente aos pais de família. Deixar esposa e filhos no mundo físico é uma desencarnação pela metade. Assim creio, pois estou “entre” estar aqui ou permanecer no Além, se posso definir o assunto assim, na base do pensamento.

6 As ideias querem tomar rumo alto, à maneira de pássaros de subida grande, mas voltam-se inesperadamente para baixo, na doce prisão do amor que não foi liberado de compromissos.

7 Perdoe-me, querida, se este é o meu modo de dizer; agora, entretanto, sei que você me compreende.
E compreensão é paz, nos que entendem e nos que são entendidos. De qualquer modo, prossiga valorosa na paciência e na conformação.

8 Não estamos sozinhos. A prova disso é a presença de tantos amigos ao nosso lado: Romeu e família, nosso Carmelo, nossas amigas e irmãs Benedita e Maria Sestini. n E de meu lado, outros benfeitores comparecem: nossa irmã Elvira, meu avô Benini, nosso mano Romeu e muitos outros. n

9 Estejamos fortes na fé. Nunca esperei vir para cá de maneira quase fulminativa. Digo isto, embora o processo das coronárias estivesse presente, quase como um laço desatado que não desistisse de tomar a posição de nó cego. Mas resistia. 10 Afastava a ideia da morte, como se recusa um veneno. Não que tivesse medo. Você e os filhos queridos e tantos outros familiares queridos me seguravam.

11 Veio, porém, o instante infalível, inarredável. Creia que fiz força. Procurei avidamente o remédio salvador, preocupei-me, no entanto, as energias esmoreceram. Dormi, compulsoriamente, como se houvesse desacordado com certa martelada por dentro do peito.

12 Não tenho outra imagem para figurar as minhas recordações, que reconheço confusas. 13 O sono foi pesado, com pesadelos, de vez que desejava retornar ao corpo, sem conseguir. 14 No íntimo, tinha receio de saber a realidade, até que, em dado momento, me vi fora do leito ou do refúgio que me parecia um recanto de paz em que descansava.

15 Amedrontado, dei-me pressa em sair. Era noite. Recordei que atravessávamos a véspera de sábado, com muito desejo de fazer um programinha com as crianças. Chamei por você e pelos nossos e como ninguém me respondesse, procurei a rua porque o peito doía muito. Dirigi-me à Santa Casa, queria auxílio, e não encontrando o alívio necessário, voltei à via pública; no entanto, quando me encaminhei para outros postos socorristas, ao ladear o antigo lugar da Casa de Saúde do Dr. Barbieri, n encontrei a irmã Elvira e outra Benfeitora, que depois vim a saber que é a irmã Carolina, que me recebeu por avó, lembrando minha mãe. 16 Era natural que eu estremecesse. Mas a Doutrina da Imortalidade estava comigo e compreendi tudo. Mesmo assim, a dor de perder-lhes a companhia me fez cambalear. 17 Outros amigos nos abordaram e fui recolhido. Tenho encontrado o tratamento que só poderia obter em nossa própria casa.

18 Tranquilize-se e me ajude com a sua paz. Com você calma e resignada, trabalhando por ajustar e reajustar nossas coisas, tudo vai retomando o eixo normal da vida. 19 Você não fique triste, se não puder ficar com os nossos meninos — os do Romeu. Temos os nossos queridos Murilo e Leandro e, além disso, você não pode esquecer que o lar maior das crianças da irmã Elvira é também nossa casa. 20 Não alimente discórdia com o pessoal. Todos os nossos estão pensando com equilíbrio e desejo ver você em paz com todos, de modo que as crianças não sofram. 21 Afinal, nós estamos na posição de servidores e Jesus sabe, melhor do que nós, o que deve acontecer para benefício geral. n

22 Desculpe-me, querida, se não tenho mais forças para continuar. Ainda estou enfraquecido e fatigado. Lembrar detalhes dos meses de junho e julho que passaram, me faz abatido.

23 Desejava apenas dizer a você, para que tenha coragem. Se você prosseguir forte, com tempo mais curto estarei mais constantemente ao seu lado. Seus encargos serão os meus, tanto quanto você sempre me abraçou as necessidades e esperanças, planos e obrigações.

24 Rogo a nossos familiares queridos, me abençoem com a luz da oração e beijo aos filhinhos, todos eles.  25 Minha gratidão aos companheiros presentes e você receba do companheiro reconhecido, o coração sempre seu, com aquelas mesmas flores de sempre, orvalhadas com as minhas lágrimas de esperança e guardadas entre nós dois, com aquele mesmo perfume de gratidão.

26 Sempre seu e sempre com você


Lidaí




NOTAS E COMENTÁRIOS

À mensagem de Lidaí Benini


1 - Romeu e família, nosso Carmelo, nossas amigas e irmãs Benedita e Maria Sestini — Amigos de Votuporanga presentes em Uberaba, quando do recebimento das notícias de Lidaí. Romeu, D. Hilda, Carmelo e Maria Sestini, já são nossos conhecidos (Ver a respeito, também o livro Vida no Além, Edição GEEM) Benedita Caniza é companheira de atividades do Grupo em Votuporanga.

2 - Elvira Grisi, já identificada; o avô Benini, Jácomo Benini, avô paterno, desencarnado há 35 anos; Romeu Gonçalves Ferreira, cunhado e a quem já nos reportamos.

3 - Casa de Saúde do Dr. Barbieri, não existe mais em Votuporanga, desde 1965. Curiosa observação de Lidaí de que no local correspondente à antiga Casa de Saúde encontrou o socorro que procurava, através dos abnegados Espíritos de D. Elvira Grisi e de Irmã Carolina, esta não identificada, mas curiosamente ligada por Lidaí ao nome de sua mãe, também Carolina. Lembremos que o Chico não sabia o nome da genitora de Lidaí… e nunca soube também da existência da Casa de Saúde do Dr. Barbieri. Pelo inusitado da revelação, publicamos a seguir foto da antiga Casa de Saúde do Dr. Barbieri (a foto encontra-se no livro impresso).

4 - Lidaí refere-se aos problemas que a esposa vinha enfrentando com os outros familiares, com referência à tutela dos filhos do Dr. Romeu. Conta-nos, a propósito, o amigo Romeu Grisi, que Lidaí prometera ao cunhado, amparar-lhe os filhos na hipótese de não ser o primeiro a desencarnar, ponto esse que permaneceu pacífico para a alegria de todos. Eis a palavra do Lidaí; página simples, de beleza suave e serena; aliás, a dimensão verdadeira de seu espírito missionário.


Caio Ramacciotti



[3] Mensagem recebida em 19 de outubro de 1974, 4 meses após seu falecimento, por Francisco Cândido Xavier, Uberaba, MG.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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