1 Ouço-te, alma querida, a pergunta frequente:
— “Como vencer tanta barreira à frente?
Tanto empeço ao redor? Tanta prova em caminho?
Tanta pedra a cercar-me? Tanto espinho?
Como entender o lar em conflito constante?
Sinto-me qual formiga, enfrentando um gigante,
— O gigante da dor em que me vejo…
Por que lutar assim, se a paz é o meu desejo?!…”
2 Se posso responder-te, apenas digo:
— Não te atormentes, coração amigo,
A vida sobre a Terra é internato na escola.
O sofrimento que te desconsola
Em cada fase vale por ensino
Que te habilite à promoção
A mais alto destino,
Na conquista ideal da perfeição…
3 Observa contigo a imensa caravana:
Os companheiros da família humana…
Não acharás ninguém sem luta e sem problemas…
Esse irmão, rente a nós, caminha nas algemas
Da enfermidade em que se desfigura;
Aquele, a tropeçar na desventura,
Suporta a incompreensão dos seres mais queridos;
4 Outro exibe nos ombros doloridos,
Embora ocultamente,
A cruz de quem governa muita gente,
Sem que o mundo perceba quanto dói
O fardo que o mantém
Preso ao nobre suor de quem serve e constrói
Para a extensão do bem;
5 Outros se arrastam carregando
Tribulações em bando:
Filhos em lamentável rebeldia,
Buscando a fuga em marcha estranha e cega,
Voltando ao lar depois pela senda sombria
Do presídio da angústia que os segrega
E amargas provações que surgem de surpresa,
Desânimo, penúria, abandono, tristeza…
6 Entretanto, alma boa,
Não te revoltes, segue!… Ama, perdoa,
Aceita-te como és e trabalha onde estás…
Obrigação cumprida é o caminho da paz.
7 Sofre e abençoa, chora mas porfia
Aprendendo as lições de cada dia…
8 A existência na Terra é a subida escarpada
E o dever nos recorda o símbolo da cruz;
Segue e agradece a Deus a aspereza da estrada
Que te eleva da sombra à exaltação da luz!…
Maria Dolores
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