1 Às vezes, alma irmã, dizes que a vida
É um tecido de lutas colossais,
Que não tens paciência de sofrê-las,
Que não suportas mais.
2 Acalma-te, no entanto, pensa e nota:
Sem que os problemas surjam tais quais são,
Tudo seria o caos no campo da existência,
Deserto sem degraus de elevação.
3 — “Paciência, — explicou-nos sábio amigo, —
É o respeito ideal que se mantém,
Entre os seres e as vidas que se entrosam
Para a realização do Eterno Bem.”
4 Para que não se faça barro e lodo,
Pântano incomodando o próprio ar,
Deve a fonte servir no curso a que se prende,
No anseio de atingir a grandeza do mar.
5 Se o trigo recusasse a mó que o pulveriza,
Faria nobre prato com certeza
Ou talvez fosse adorno para o mundo,
Mas não seria pão brilhando à mesa.
6 Sem controle da usina que a governa,
Depois de acumulada onde se ativa,
Seria a força da eletricidade
Unicamente força destrutiva.
7 Se quisesse fugir da órbita a que atende,
Seria o próprio sol, nos espaços profundos,
Um monstro luminoso sem destino,
Perturbando a mecânica dos mundos.
8 Paciência, alma irmã, é o dom do entendimento,
A honra de servir que temos ao dispor,
Para erguer, ante os Céus, nos distritos da Terra,
O caminho da Paz e a presença do Amor.
Maria Dolores
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