1 Indagas, muita vez, alma querida e boa:
— “Meu Deus, por que essa dor que me atormenta o ser?”
E segues, trilha afora, em pranto oculto,
De sonho encarcerado, a lutar e a sofrer.
2 Anhelas outro clima, outro lar e outros rumos,
Entretanto, o dever te algema o coração dorido
Ao campo de trabalho que abraçaste,
Atendendo, na Terra, a divino sentido.
3 Antes de renascer, os seres responsáveis
Notam as próprias dívidas quais são
E suplicam a Deus lhes conceda no mundo
O caminho que os leve à redenção.
4 Não recalcitres, pois, contra os próprios encargos
Que te parecem fardos de problemas,
Encontras-te no encalço da conquista
De bênçãos imortais e alegrias supremas.
5 A lágrima que vertes padecendo
Longas tribulações, entre lutas e crises,
É um remédio da vida, em nossos olhos,
Que nos faculte ver os irmãos infelizes.
6 O abandono dos seres que mais amas,
Criando-te a aflição em que choras e anseias,
É um curso de lições em que aprendemos
Quanto custam na estrada as angústias alheias.
7 Familiares que te contrariam
Trazem-nos à lembrança os gestos rudes
Com que outrora ferimos entes caros
No fel de nossas próprias atitudes.
8 Afeição de outras eras que descubras,
Querendo-lhe debalde a presença e a união,
É instrumento de amor que te inspira a renúncia
Para o trabalho da sublimação.
9 A experiência humana é breve aprendizado
E essa tribulação que te fere e domina
É recurso dos Céus, em nosso amparo,
Zelo, defesa e luz da Bondade Divina.
10 Sofre sem reclamar a prova que te coube,
Mesmo que a dor te espanque, atingindo apogeus…
E, um dia exclamarás ante os sóis de outra vida:
— “Bendita seja a Terra!… Obrigado, meu Deus!…”
Maria Dolores
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