1 Enquanto o Tempo segue renovando
Os quadros da existência a que se atrela,
Indagas, muita vez, alma querida e bela,
Como vencer na prova a te agredir…
De tudo quanto aprendo, entre as lições do mundo,
Dá-me a estrada, na luta a que me vejo exposta,
Quatro verbos distintos por resposta:
— Amar e compreender, trabalhar e servir.
2 A própria Natureza é um livro aberto…
Se inquirisses do sol no firmamento
Como brilhar sem pausa, firme e atento,
Nutrindo mundos sem se consumir…
Ele, decerto, te responderia
Que o Senhor lhe traçou por alta obrigação
Cumprir as leis da vida, tais quais são:
— Amar e compreender, trabalhar e servir.
3 Interroguei, um dia, à roseira podada,
Já que se lhe furtava o véu de rosas
A pancadas e injúrias espantosas,
Como devia a pobre reflorir;
Ela, porém, me disse, humilde e crente:
— “Enriquecer a Terra é o meu dever
E, se quero evoluir, necessito aprender
Amar e compreender, trabalhar e servir.”
4 Vejo tratores retalhando o solo,
Dinamites na serra, a parti-la, de todo,
Fontes varando tremedais de lodo,
Árvores venerandas a cair…
E se busco entender a dor do campo,
Nesses despojamentos que pesquiso,
Cada elemento fala que é preciso
Amar e compreender, trabalhar e servir.
5 Assim também, alma fraterna e boa,
Se trazes sob o Tempo, aflições e problemas,
Constrói, age, confia, crê, não temas
E resguarda no peito o anseio do porvir;
Por mais sofras, não pares, segue à frente,
Enquanto cada dia surge e avança,
Eis que o Céu nos repete, através da esperança:
— Amar e compreender, trabalhar e servir.
Maria Dolores
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