1 A paz depende muito mais do esquecimento do mal que do propósito de corrigi-lo.
2 Toda vez que buscarmos a retificação de nós mesmos, olvidando as faltas dos outros, situaremos o ensinamento silencioso da bondade, na própria exemplificação, sem alarde e sem menosprezo ao valor do próximo.
3 Esquece o mal e o bem aparecerá.
4 A própria natureza é uma lição viva nesse particular.
5 O solo despreocupa-se dos detritos que o temporal lhe arremessa à face e produz o milagre do pão.
6 O tronco robusto olvida o serrote áspero que lhe fere as entranhas e converte-se em utilidades valiosas para a vida.
7 O mármore ignora os golpes contundentes do martelo e converte-se em obra prima.
8 A pedra esquece a máquina que a tritura e abre o próprio seio em pepitas de ouro que constituem a garantia do trabalho e do reconforto no campo da civilização.
9 A ostra ferida desapega-se da própria dor e fabrica a pérola sublime.
10 A semente desconhece a solidão da cova escura a que é projetada e transubstancia-se em folhagem, perfume, flor e fruto.
11 Se desejas a vanguarda de luz, liberta-te das algemas da sombra.
12 Se te propões a ajudar, não te detenhas em demandas inúteis.
13 Enquanto te demoras, na contemplação do mal, perdes tempo, adiando a cultura do bem.
14 Da arte de esquecer as experiências inferiores, nasce a vitória da verdadeira ascensão espiritual.
15 Avancemos ao sol do amor e, se temos conosco a vocação de consertar pela violência ou de corrigir pela irritação, estejamos convencidos, com a sabedoria do povo, de que, em qualquer lugar ou em qualquer tempo, “muito ajuda quem não atrapalha”.
Emmanuel