1 É sabido que o pessoal das trevas desenvolve grandes atividades no Plano Espiritual ligado ao Plano Físico, aí efetuando muitas reuniões.
2 Num encontro desses, que nós mesmos presenciamos, um chefão das forças do desequilíbrio, buscava o pronunciamento de algumas dezenas de assessores e assalariados.
3 O tema em exame era a destruição de um grupo de tarefas espíritas-cristãs, cujas funções se iniciariam.
4 Fornecemos aqui um resumo do entendimento havido, relacionando sugestões de vários dos irmãos infelizes e as respostas do inteligente diretor do referido simpósio:
— Poderemos atacar os componentes da equipe com moléstias imaginárias…
— Isso não adianta. Existe presentemente no mundo; vasto número de estudiosos com a possibilidade de anular hipnoses e sanar obsessões.
5 Detonaremos calúnias e injúrias sobre os associados…
— Não dará resultado — comentou o chefe — porquanto na atualidade os seguidores do Evangelho de Jesus estão progredindo no perdão das ofensas.
6 — Atiraremos filhos e netos contra os pais e avós…
— Também não. Sabemos que os pais e os avós costumam trazer o coração mole e passam facilmente por cima de qualquer ingratidão dos descendentes.
7 — Aumentaremos as tentações das posses e riquezas…
— Este argumento não cabe aqui.
As leis evoluíram e as posses e as riquezas na Terra estão fiscalizadas e prejudicadas por impostos e exigências coercitivas.
8 — Faremos a desarmonia entre os casais, arremessando as esposas contra, maridos e os maridos contra as esposas…
— É inútil. Os homens e as mulheres sempre encontram parceiros para reajustes e acomodações…
9 Os pareceres prosseguiam acesos, quando um dos presentes falou, sorrindo:
— Tenho um plano que dará certo, segundo creio.
A turma se colocou atenciosamente na escuta e o esperto interlocutor continuou:
— Vocês todos sabem que os cristãos reencarnados, incluindo os espíritas, são pessoas semelhantes a nós mesmos, pelas tendências inferiores e sentimentos imperfeitos que carregam.
A única diferença entre eles e nós é a de que estão fazendo pela própria regeneração, tentando isso com muitas dificuldades. E todos nós, por aqui, estamos informados nos tempos últimos de que os chamados movimentos de fofocagem são altamente produtivos em desunião. A fofoca é invenção nossa, traduzindo zombaria em torno das criaturas, à fim de impedir-lhes o avanço na direção do aperfeiçoamento que não temos. Nós aqui somos capazes de repelir qualquer inteligência que nos ponha os defeitos à mostra. Brigamos, protestamos e, se preciso, vamos à pancadaria e ao pugilato. Pois, entre os Espíritos reencarnados, a situação é a mesma. Faça-se a empresa de fofocagem e coloquemos o pessoal nos testes do melindre e estejamos convencidos de que esses companheiros mergulhados em sonhos de renovação não se aguentam juntos. Vendo-se apontados nas deficiências de que são portadores, não se tolerarão e adeus grupo. Sugiro a fofocagem. A fofocagem não falha.
10 O chefão desferiu enorme gargalhada, em sinal de aprovação e anunciou em voz alta:
— Muito bem… Estamos nessa…
Em poucas semanas, os amigos que se iniciavam em serviço de elevação na vida interior estavam desgostosos, infelizes e a palavra de todos parecia untada de fel e recheada com vinagre, nas queixas recíprocas.
A agremiação nascente não chegou a ser fundada em definitivo e nós, os observadores do assunto, fomos obrigados a repetir com o matreiro obsessor: adeus grupo.
Hilário Silva