1 Não suponhas que o rico da parábola ( † ) seja a única espécie de mordomo infeliz na vida espiritual.
2 Ainda hoje há quem se banqueteia no festim da saúde física, menosprezando os enfermos que lhe batem à porta.
3 Por toda parte, verificamos a luzida assembleia dos que se fartam à mesa da inteligência, olvidando os irmãos de caminho que lhes pedem socorro, mergulhados nas correntes da ignorância.
4 Em todos os lugares, é possível observar a caravana dos que passam, hipertrofiados de conforto, fugindo aos filhos da angústia que lhes imploram uma réstia de alegria.
5 Nas variadas sendas do mundo, somos defrontados pelos que se mostram supernutridos de fé, a menoscabar aqueles que lhes suplicam leve migalha de esperança.
6 Todos somos surpreendidos pelos lázaros da necessidade e da aflição em provas mais ríspidas que as nossas.
7 Todos identificamos, junto do próprio coração, bafejado de conhecimento superior, companheiros infortunados que se enriqueceriam com mínimos gestos nossos, no setor da bondade e do estímulo, do entendimento e do perdão.
8 Não te detenhas, tão somente, na contemplação do quadro evangélico, em que um pobre sovina encontrou, ao fim da estrada, apenas o azinhavre a que se lhe reduziu o perecível tesouro.
9 Recordemos nossas oportunidades de semear o bem, reconhecendo no próximo o degrau vivo que nos conferirá o desejado acesso à comunhão com a Providência Divina.
10 Abracemos os penitentes da necessidade e do desânimo, da expiação e do sofrimento, que nos anotam os passos, em todos os ângulos da estrada evolutiva e, oferecendo-lhes o próprio coração, em forma de serviço fraterno, estejamos convencidos de que marcharemos com eles na direção da vida imperecível, para a incorporação definitiva de nossa herança espiritual.
Emmanuel