1 Embora o advento do Cristianismo sobre a Terra, espalhando amor e paz nos corações humanos, por muito tempo ainda, em favor da segurança e da ordem, não poderemos prescindir da justiça, que rearticula as peças vivas da comunidade, buscando recuperá-las para a harmonia.
2 Assim é que o magistrado, à maneira do cirurgião competente, trata o organismo social, usando o bisturi da lei para vazar a tumoração do vício, esvurmar as chagas morais ou interferir em regiões cancerosas ou gangrenadas, impondo-lhes a inevitável extirpação.
3 Por isso, o delinquente — como zona enfermiça que é preciso regenerar — sofre a internação nas casas de socorro ou nos presídios adequados à pena que os tribunais lhe cominam.
4 Nesse mesmo critério, a alma que abusa da inteligência, transformando-a em laço escuro de exploração inferior, a detrimento dos semelhantes, padece, em nova romagem física, a prisão indispensável e justa, recebendo no cérebro doentio ou imperfeito a redentora detenção de que necessita.
5 É desse modo que vemos a idiotia e a loucura, a epilepsia e a obsessão garantindo processos de cura espiritual, tantas vezes dolorosos à visão daqueles que somente enxergam a existência da carne.
6 E é aí, nesses calabouços de sombra, que todos nós, quando malfeitores do pensamento, expiamos os delitos de lesa-fraternidade, não através de estagnação fria e inútil, mas por intermédio da inibição e do sofrimento, que nos apressam o reajuste.
7 Diante do companheiro segregado em semelhantes grades mentais, exerce o santo dever da caridade e da paciência, aprendendo na triste lição, sob teus olhos, que é preciso usar a cabeça para o bem comum, mentalizando e agindo em termos de compreensão e solidariedade, serviço e progresso de todos, a fim de que as forças do mal não nos apaguem a lâmpada divina do discernimento e da razão, a luz que Deus nos concede para os caminhos da Eternidade.
Emmanuel