1 Perante alguém a condenar alguém,
Destacando algum mal que aconteceu,
Se te inclinas ao fogo da censura,
Dize contigo assim: “Se fosse eu…”
2 Passa a criança entregue à noite e ao vento,
Amargura, nudez, olhar sem brilho…
Se vais recriminá-la, indaga simplesmente:
“E se fosse meu filho?…”
3 Desditoso detento vem não longe…
Vozes clamam: “Prendei!… Apedrejai!…”
Ao ver-lhe a humilhação, interroga a ti mesmo:
“E se fosse meu pai?…”
4 Diante do acusado escarnecido,
Atento ao cerco de infeliz reclamo,
Fita-lhe a dor e pensa: “E se este pobre
Estivesse entre aqueles que mais amo?…”
5 Quanta lágrima nunca surgiria,
Quanta força da treva, agindo em vão,
Se em cada coração, à luz da vida,
Houvesse mais amor e compaixão!…
6 Nosso irmão delinquente!… Junto dele,
Reflete antes de erguer a própria voz:
“Como seria tudo diferente,
Se ele fosse um de nós!… ”
Manoel Monteiro
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