1 Deste jardim da saudade
À doce luz da oração
Elevam-se as claridades
Do templo do coração.
2 Filhos que lembram seu pai
E um pai que recorda os filhos,
Para cuja alma bondosa
São sempre os mais ternos brilhos.
3 Cultivem a flor de luz
Desse jardim de lembrança
Nas alvoradas da fé,
Da paz, do amor, da esperança.
4 E um dia, depois da Terra,
O hostiário da saudade
Há de pulsar no Infinito,
No dia da Eternidade.
Casimiro Cunha
(14|12|1937)
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Dedicatória
Ao Espírito de Célia (Alcione), nosso preito de eterno amor e gratidão.
Nota da organizadora: Natural de Vassouras, RJ, Casimiro Cunha figura entre os poetas cujos poemas integram o livro Parnaso de Além-túmulo, psicografado por Chico Xavier, desde a primeira edição, em 1932. Era cego por acidente, ocorrido quando contava 16 anos. Tinha apenas instrução primária. Era espírita confesso. Compareceu inúmeras vezes ao culto doméstico “Arthur Joviano”, deixando sua presença registrada em carinhosas poesias, como em “Boa Noite”, em 22 de dezembro de 1938. Eu, então com 12 anos, acabara de arrumar a mesa em que se realizaria a reunião e, enquanto meus pais — Rômulo e Maria — conversavam com Chico Xavier, em outro local, escrevi “boa noite” em uma folha de bloco e me retirei. No dia seguinte, fui presenteada com os inesquecíveis versos.