1 Qualquer socorro, indiscutivelmente, nasce na fonte da caridade, merecendo gratidão e respeito; no entanto, em amparando a alguém com alguma cousa, não olvides o modo de dar para que a tua dádiva seja na Terra uma luz do Céu.
2 Muita gente arremessa a bolsa ao semblante do irmão em prova, com tanta dureza de sentimento que, em lugar das flores da alegria, apenas lhe oferta ao coração as raízes envenenadas da angústia.
3 Muitos estendem o pão ao faminto, revestindo-o de tantas reprimendas, que o alimento lhe alcança a boca com ressaibos de fel.
4 E muitos, ainda, oferecem a palavra de fé e orientação, aos desesperados do caminho terrestre, com tantas anotações de escárnio, que o prato do conselho edificante surge condimentado em vinagre de crítica, à maneira de manjar celeste misturado de lodo e lama.
5 Analisa a intenção com que socorres para que a leviandade não te desfigures o gesto amigo.
6 Considera a inflexão de tua voz para que teu verbo não se transforme em azorrague esfogueante.
7 Observa a maneira que adotas no auxílio ao companheiro de luta, a fim de que a intolerância não te comande os movimentos, distribuindo humilhação e pesar, ao invés de esperança e consolação.
8 Muitos dão.
Raros, no entanto, sabem dar, porque para estender o culto do amor fraterno por sublime virtude, é imprescindível que a humildade nos ilumine por dentro, a fim de que a ausência do perdão e da paciência, do entendimento e da bondade não nos converta em censores de nossos próprios irmãos, sedentos de solidariedade e carinho.
9 Não nos esqueçamos de que auxiliando aos outros como Jesus auxiliou — oferecendo ao mundo quanto possuía de si, sem cogitar de si mesmo — realmente faremos da caridade comum não apenas o refúgio da esmola mas o divino santuário da educação.
Emmanuel