“Não vos escrevi porque não sabeis a verdade, mas porque a sabeis…” — (1 João, 2.21)
1 Evidentemente o Espírito encarnado surpreende na vida física muitas dificuldades que não consegue evitar, sejam as que se originam dos constrangimentos educativos da evolução, sejam aquelas outras que se lhe vinculam à liquidação dos desajustes por ele próprio perpetrados em existências anteriores.
2 Ponderemos, no entanto, que muito mais numerosas são as dificuldades outras que ele mesmo cria, no trato da experiência comum, agravando o acervo dos compromissos menos felizes que carreia para a frente na jornada espiritual.
3 Esse, em consequência de deslizes no pretérito, traz determinadas peças orgânicas em condições delicadas; entretanto, se persiste abusando das próprias forças, de que forma se lhe socorrer a saúde? 4 Outro se revela, no dia a dia, por exagerada agressividade, e, por isso mesmo, como subtraí-lo ao perigo se acalenta declarada inclinação ao desastre? 5 Muitos anseiam por ternura e calor humano, transformando-se em azedume e incompreensão para os melhores amigos…
6 Queremos todos a felicidade e a paz; todavia é preciso reconhecer que a paz e a felicidade se nos levantam do íntimo.
7 Eis porque as lições do Evangelho — desde que aceitemos Jesus por Mestre — nos percutem a inteligência, a todos os instantes da vida, não porque desconheçamos a verdade, mas justamente porque não a ignoramos, já que nos achamos informados de que, para sanar débitos e desacertos, é forçoso que a nossa vontade funcione, sem o que será sempre impossível qualquer ação em nós mesmos no sentido de corrigir ou de resgatar.
Emmanuel
Reformador, setembro 1970, p. 194.