Reunião pública de 6-5-1960.
Questão n.º 231 - § 1.º
1 Estudando mediunidade e ambiente, recordemos um dos médiuns inesquecíveis dos dias apostólicos: Paulo de Tarso.
2 Em torno dele, tudo era contra a luz do Evangelho.
3 À sombra do fanatismo e da crueldade não se instalara apenas no Sinédrio, onde se lhe situava a corte dos mentores e amigos, mas também nele próprio, transformando-o em perigoso instrumento da perseguição e da morte.
4 Feria, humilhava e injuriava a todos os que não pensassem pelos princípios que lhe norteavam a ação.
5 Mas, desabrocha-lhe a mediunidade inesperadamente.
6 Vê Jesus redivivo e escuta-lhe a voz.
7 Aterrado, reconhece os enganos em que vivera.
8 Entretanto, não perde tempo em lamentações inúteis.
9 Não sucumbe desesperado.
10 Não se confia à volúpia da autocondenação.
11 Não foge à luta pela renovação íntima.
12 Percebe que não pode recolher, de pronto, a simpatia da família espiritual de Jesus, mas não se sente fracassado por isso.
13 Observa a extensão dos próprios erros, mas não se entrega ao remorso vazio.
14 Empreende, com sacrifício, a viagem da própria renovação.
15 Para tanto, não reclama a cooperação alheia, mas dispõe-se, ele mesmo, a colaborar com os outros.
16 Encontra imensas dificuldades para a iluminação da alma; no entanto, não esmorece na luta.
17 Segundo a palavra fiel do Novo Testamento, é açoitado e preso, várias vezes, ( † ) pelo amor com que ensinava a verdade, mas, em contraposição, na Licaônia e na Macedônia, foi tido como sendo “Mercúrio” encarnado e “Servo do Pai Altíssimo”. ( † )
18 Não se sente, todavia, esmagado pela flagelação ou confundido pelo êxito.
19 Tolera assaltos e elogios como o pagador correto, interessado no resgate das próprias contas.
20 Diz ainda a Boa-Nova que “Deus operava maravilhas pelas mãos dele”; ( † ) entretanto, ele próprio declara trazer consigo “um espinho na carne”, que o obriga a viver em provação permanente.
21 E enquanto o corpo lhe permite, dá testemunho da realidade espiritual, combatendo ignorância e superstição, maldade e orgulho, tentação e vaidade.
22 Nem ouro fácil.
23 Nem privilégios.
24 Nem cidadela social.
25 Nem apoio político.
26 Ele e o tear que o ajudava a sustentar-se ficaram, através dos séculos, como símbolo perfeito de influência pessoal e meio adverso, ensinando-nos a todos, principalmente a nós outros, encarnados e desencarnados de todos os tempos, que podemos pedir orientação, falar em orientação, examinar os sistemas de orientação, mas que, acima de tudo, precisamos ser a própria orientação em nós mesmos.
Emmanuel