1 Meu prezado Moacir,
Num bilhete improvisado,
Naquele jeito de amigo,
Você me pede um recado.
2 Já sei por telepatia
Na ideia que vai e vem:
Você deseja notícias
Do que se passa no Além.
3 No código da amizade,
Uma resposta é dever,
Se o companheiro procura
O que aspira a saber.
4 Entretanto, está difícil
Atender-lhe a confiança,
Na morte, nada se extingue,
Mas tudo sofre mudança.
5 Não me peça novidade,
Destino é um caso tremendo:
Porque futuro é o retrato
Do que se esteja fazendo.
6 Não esnobe, nem se gabe
Olhe a vida, sirva e ouça;
Nunca imitar o macaco
Que invade casa de louça.
7 Converse com tolerância,
Exalte a força do bem,
Não quebre esperança alguma,
Nem menospreze a ninguém.
8 Não desperdice o seu tempo,
Parado em contras e prós;
Não busque faltas alheias,
Lembre as que temos por nós.
9 Nas lutas de cada dia,
Guarde calma e não se esquente,
Receba cada pessoa,
Assim como se apresente.
10 Sobretudo, aqui destaco
A nota a que mais me aplico:
Ante os problemas dos outros,
Ponha silêncio no bico.
11 Quanto ao mais, siga e não tema…
A morte, quando tem vez,
Só nos entrega de volta
Aquilo que a gente fez.
Jair Presente
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