1 Em carta você pergunta
Minha irmã Zina Belém,
O que se pensa do aborto
Na vida do Grande Além.
2 Desejaria falar
Em verbo claro e graúdo!…
Só sei dizer que onde moro
Aborto complica tudo.
3 Muitos prometem dar corpo
A credores e a colegas…
Nascem, crescem… Mas depois,
Caminham vivendo às cegas.
4 Espíritos recusados
Na fúria louca em que estão
Promovem desequilíbrio,
Conflito, perturbação.
5 E a Lei que tudo corrige
Perante o aborto ilegal
Entrega o problema à dor
Extraindo o bem do mal.
6 Pode crer: mancha de culpa
Na roupa do pensamento,
Somente desaparece
Com o sabão do sofrimento.
7 Olhe a tragédia de Ertúzia
Prometeu corpo a Joaquim,
Fugiu do trato, mas hoje
Sofre doenças sem fim.
8 Téo praticou muito aborto,
Em pobres moças da roça,
Depois entrou na bebida,
Caindo de fossa em fossa.
9 Dona Helena do Lagedo
Fez os abortos que quis,
Morreu e tornou à Terra
Doente, triste e infeliz.
10 Lili fez muitos abortos…
Desencarnou em Portela…
Quer nascer… Pede socorro,
Mas o povo corre dela.
11 Outra arrasava os pequenos
A jorros de água fervente,
É Tuta que, alucinada,
Só vê crianças à frente.
12 Belinha nasceu no mundo
Para dar corpo ao Libório,
Depois de expulsá-lo a ferros,
Rumou para o sanatório.
13 Por aborto, lá se foi
Aninha do Desidério…
Da parteira Dona Cissa
Passou para o necrotério.
14 Tina expulsou quatro vezes,
O Espírito de João Rossi,
Logo após, caiu de cama,
Morreu de câncer precoce.
15 Teotônia fez vinte abortos
Em várias moças da Estaca…
Morreu e voltou ao mundo
Trazendo a cabeça fraca.
16 Amargosa provação
A de Ninhanha Ventura,
Seis abortos, seis problemas,
Obsessão e loucura.
17 Muito espírito conheço
Que sonhava paz e amor,
Que não podendo ser filho
Tornou-se perseguidor.
18 Cada qual é responsável
No amor que aceita ou que alcança;
Compromisso a cada um,
Mas que se poupe a criança.
19 Maternidade é tarefa,
Luminoso compromisso,
Um filho é bênção de Deus,
Não proteste, pense nisso.
20 Quando o aborto é indispensável
Tem a justa explicação,
Mas fora desse caminho,
Aborto é perturbação.
21 Minha irmã, fuja do aborto,
Se um filho é a bênção que levas…
Aborto desnecessário
É sempre cousa das trevas.
Cornélio Pires
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