1 Recebi o seu bilhete,
Prezada irmã Guiomar,
Anotando três consultas:
União, mulher e lar.
2 Três colunas vigorosas
De expressão indefinida,
À feição de pedestais,
Para a grandeza da vida.
3 União surge primeiro,
O lar reponta depois;
A mulher recorda a luz
Que Deus coloca entre os dois…
4 Nesta verdade tão simples
Para qualquer dos mortais,
Todo homem pode muito,
Mas a mulher pode mais.
5 Foram feitos um e outro,
Ela, o anjo, ele, o herói,
Para marcharem unidos
Em tudo o que se constrói.
6 Quando falham entre si,
Surgem problemas em cacho,
Onde a brecha se desdobra,
A construção vem abaixo.
7 Olhe o romance de Joana:
Trocou Joaquim por Galeno,
Mas Galeno quis Lolota
Que arrasou Joana a veneno.
8 Lilita não desculpou
Alguns deslizes de Alberto…
O esposo ao ver-se humilhado,
Matou-se com tiro certo.
9 Dura tragédia a que vimos
Em nosso Tião Cerqueira,
Largado pela mulher,
Jogou-se da ribanceira.
10 Querendo sobrepujar
O marido, Adão Ventura,
Dona Quintina da Prata
Teve morte prematura.
11 Jandira fugiu de casa
Por não perdoar Castilho,
Mas provocou simplesmente
A perda do próprio filho.
12 Deixou o lar sem razão
Dona Cota de Inhaúma,
Fez-se mulher de prazer
Mas sem paz em parte alguma.
13 Julgando o esposo infiel,
Suicidou-se Aninha Graça,
O pobre caiu vencido
Entre o delírio e a cachaça.
14 Lilia da Conceição
Largou Juquinha Belém,
Tornou-se mulher de muitos,
Sozinha como ninguém.
15 Zina por ódio e vingança
Largou Janjão Calatrava,
Mas lacrou no sanatório
As filhas que idolatrava.
16 Teotônia por desavença
Lançou o esposo no lixo,
Hoje é mulher desprezada
Na mata do Carrapicho.
17 Por toda parte do mundo
Se a mulher larga o dever,
Deserções, crimes, suicídios,
São fáceis de aparecer.
18 De toda conquista humana
Que temos e que virão,
Deus situou na mulher
A paz, o amor e o perdão.
19 E o homem? Não me perguntem…
Ao nascer, vezes e vezes,
Já começa dependendo
Da mulher por nove meses.
20 Se sofre, nunca se queixe,
Tolere irmã Guiomar,
A justiça vem de Deus
Ninguém precisa apressar.
Cornélio Pires
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