1 Noutro tempo, as nações admiravam como maravilhas o Colosso de Rodes, os Jardins Suspensos da Babilônia, o Túmulo de Mausolo, e, hoje, não há quem fuja ao assombro, diante das obras surpreendentes da engenharia moderna, quais sejam a Catedral de Milão, a Torre Eiffel ou os arranha-céus de Nova Iorque.
2 Raros estudiosos, no entanto, se recordam dos prodígios do corpo humano, realização paciente da Sabedoria Divina, nos milênios, templo da alma, em temporário aprendizado na Terra.
3 Por mais se nos agigante a inteligência, até agora não conseguimos explicar, em toda a sua harmoniosa complexidade, o milagre do cérebro, com o coeficiente de bilhões de células; 4 o aparelho elétrico do sistema nervoso, com os gânglios à maneira de interruptores e células sensíveis por receptores em circuito especializado, com os neurônios sensitivos, motores e intermediários, que ajudam a graduar as impressões necessárias ao progresso da mente encarnada, dando passagem à corrente nervosa, com a velocidade aproximada de setenta metros por segundo; 5 a câmara ocular, onde as imagens viajam, da retina para os recônditos do cérebro, em cuja intimidade se incorporam às telas da memória, como patrimônio inalienável do Espírito; 6 o parque da audição, com os seus complicados recursos para o registro dos sons e para a fixação deles nos recessos da alma, que seleciona ruídos e palavras, definindo-os e catalogando-os na situação e no conceito que lhes são próprios; 7 o centro da fala; 8 a sede miraculosa do gosto, nas papilas da língua, com um potencial de corpúsculos gustativos que ultrapassa o número de 2.000; 9 as admiráveis revelações do esqueleto ósseo; as fibras musculares; o aparelho digestivo; 10 o tubo intestinal; 11 o motor do coração; 12 a fábrica de sucos do fígado; 13 o vaso de fermentos do pâncreas; 14 o caprichoso sistema sanguíneo, com os seus milhões de vidas microscópicas e com as suas artérias vigorosas, que suportam a pressão de várias atmosferas; 15 o avançado laboratório dos pulmões; 16 o precioso serviço de seleção dos rins; 17 a epiderme com os seus segredos dificilmente abordáveis; 18 os órgãos veneráveis da atividade genésica 19 e os fulcros elétricos e magnéticos das glândulas no sistema endocrínico.
20 No corpo humano, temos na Terra o mais sublime dos santuários e uma das supermaravilhas da Obra Divina.
21 Da cabeça aos pés, sentimos a glória do Supremo Idealizador que, pouco a pouco, no curso incessante dos milênios, organizou para o Espírito em crescimento o domicílio de carne em que a alma se manifesta. 21 Maravilhosa cidade estruturada com vidas microscópicas quase imensuráveis, por meio dela a mente se desenvolve e purifica, ensaiando-se nas lutas naturais e nos serviços regulares do mundo, para altos encargos nos Círculos superiores.
22 A bênção de um corpo, ainda que mutilado ou disforme, na Terra, é como preciosa oportunidade de aperfeiçoamento espiritual, o maior de todos os dons que o nosso Planeta pode oferecer.
23 Até agora, de modo geral, o homem não tem sabido colaborar na preservação e na sublimação do castelo físico. Enquanto jovem, estraga-lhe as possibilidades, de fora para dentro, desperdiçando-as impensadamente, e, tão logo se vê prejudicado por si mesmo ou prematuramente envelhecido, confia-se à rebelião, destruindo-o de dentro para fora, a golpes mentais de revolta injustificável e desespero inútil.
24 Dia surge, porém, no qual o homem reconhece a grandeza do templo vivo em que se demora no mundo e suplica o retorno a ele, como trabalhador faminto de renovação, que necessita de adequado instrumento à conquista do abençoado salário do progresso moral para a suspirada ascensão às Esferas Divinas.
Emmanuel
[1] [A Gênese, 10.26-30]