1 No que se refere à inquietação, às vezes os problemas que nos atingem não são propriamente nossos, mas dos outros.
2 Estaremos em paz de consciência, todavia, entes amados terão assumido compromissos graves, suscitando-nos desajuste e insegurança.
3 Possuímos, por enquanto, o nome inatacado; no entanto, criaturas profundamente ligadas a nós surgem sofrendo o assédio da injúria, com ou sem razão, impelindo-nos ao desejo de preservá-las contra as pedras que lhes dilapidam a imagem.
4 Com o amparo de certas escoras morais, conseguimos sustentar-nos relativamente livres, quanto aos arrastamentos do coração; entretanto, afligimo-nos, como é justo, por almas abençoadas de nosso convívio que aparecem na arena das lutas afetivas, suportando conflitos difíceis de carregar.
5 Sob a proteção de facilidades transitórias que nos resguardam a segurança, acalentamos a própria resistência, diante das tentações que nos enxameiam a estrada, mas entes queridos haverão tombado em delinquência, impulsionando-nos ao anseio de ajudá-los na recuperação da própria paz.
6 Como, porém, auxiliá-los de nossa parte?
7 Saberíamos, porventura, orientar-lhes o tratamento restaurador se ignoramos toda a extensão e conteúdo da influência que os precipitou na sombra mental em que se debatem? E como poderíamos julgá-los se lhes desconhecemos o drama comovedor, desde o princípio?
8 Seria desumano golpear a ferida, sob o pretexto de socorrer o doente, e não seria lógico traçar diretrizes em territórios acerca dos quais não possuímos ainda qualquer experiência.
9 Ante os problemas daqueles que nos rodeiam, contudo, podemos ouvi-los com paciência e caridade, doando-lhes esperança e consolo. 10 E, acima de tudo, cabe-nos recordar que a luz da Divina Providência está em nós, tanto quanto neles, e que, por isso mesmo, o máximo auxílio que nos será lícito prestar-lhes será sempre respeitar-lhes as escolhas e decisões, orando por eles e rogando à mesma Providência Divina os guie e esclareça, ampare e ilumine, reconhecendo que, no íntimo das próprias vidas, são todos eles tão livres e responsáveis, diante de Deus, quanto nós.
Emmanuel