1 Amigo leitor:
Muitos companheiros da vida física supõem erroneamente que nós, os amigos desencarnados que comentamos as necessidades de paz e os imperativos do bem, teremos chegado a tão grandes culminâncias de evolução que não se nos fazem precisas as reuniões de estudo e a troca de opiniões na pauta de nossas experiências.
2 Entretanto, ainda nos achamos distantes de qualquer topo do Conhecimento Superior e é justo valer-nos do auxílio de companheiros iluminados de Amor e Sabedoria a fim de descobrir por nós mesmos, os caminhos mais favoráveis à nossa própria renovação e progresso.
3 Os grupos de estudo em nossas áreas de trabalho se multiplicam em todos os setores, nos quais se reúnem almas sequiosas de esclarecimento e consolo.
4 A instrução não se transmite por osmose.
Assim é que compartilhamos de uma equipe dessa ordem, uma vez por semana, em que são debatidos vários temas, notadamente os que se reportam ao nosso intercâmbio com os amigos reencarnados na Terra.
5 Em cada reunião, dedicamos a faixa de uma hora, na parte final, ao diálogo com irmãos procedentes da vida física, que são selecionados por inspetores competentes e auxiliados por eles, de modo a virem até nós, durante o sono tranquilo e profundo.
6 Não precisamos mencionar que a seleção obedece a rigorosa escolha para que não se perca tempo com assuntos banais e conversações vazias.
7 Numa de nossas reduzidas assembleias, tivemos a visita de um rapaz, vinculado a uma das instituições beneméritas do Estado do Rio, que irradiava bondade e inteligência, a falar-nos sem afetação:
— Estou muito grato por me receberem e não lhes tomarei tempo em vão. Ouso perguntar pelo Irmão X. Desejaria saber, se possível, porque motivo não mais escreveu livros para a nossa edificação no mundo, ao mesmo tempo que estimaria saber se podemos aguardar novas produções desse amigo.
8 Solicitamos a palavra do Irmão X, ali presente e com simplicidade, ei-lo a responder.
— Amigo, agradeço-lhe o interesse, mas não estou inativo. Apenas, por algum tempo, troquei a pena pela enxada de serviço. Por vastos períodos anuais, estive na teoria. Agora estou na prática da assistência, na qual vivo aprendendo a renovar-me. Mas retomarei a pena, se o Senhor assim permitir.
O moço agradeceu e retirou-se, dando lugar a novo visitante…
9 No dia seguinte, o Irmão X mostrou-nos uma pasta antiga, da qual retirou vários retalhos de pergaminho contendo apontamentos valiosos e valiosos relatos da vida, com os quais formou o presente volume.
10 Aí está, leitor amigo, a história deste livro que o nosso amigo passa à frente, para a nossa própria edificação.
Emmanuel
Uberaba, 22 de março de 1988.