1 Poderás, em verdade,
Exercer facilmente
O nobre auxílio aos outros.
2 Não te custa sorrir
Para os filhos da dor
Que choram desolados
Quando brilha a alegria
No caminho em que avanças.
3 Não te pesa entregar
A quem sofre com fome
Quanto te sobra à mesa
Na graça da abastança.
4 Não te pesa o consolo
Quando a calma te ajuda,
Nem te fere amparar
A quem geme na sombra
Quando há sol em teu peito,
Sob as bênçãos do céu…
5 Mas o auxílio a ti mesmo
Nas chagas da amargura,
Pelo santo remédio
Da humildade e da paz,
É sempre o sacrifício
E a renúncia em ação.
6 Se desejas, portanto,
Redimir a ti próprio,
Se procuras, na vida,
O socorro a ti mesmo,
Aprende a caminhar
Sob a cruz do dever,
Aceitando na dor
O bálsamo divino…
7 Se pretendes subir
Ao calvário da glória,
Procurando com Cristo
A Eterna redenção,
Recebe em cada golpe
Da jornada terrestre,
O generoso impulso
Da vida que te eleva
Dos abismos da treva
Aos píncaros da luz.
Rodrigues de Abreu
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