1 Sempre Caim, de punhos intranquilos
Que as angústias da Terra não consomem,
Eternizando, para a perda do homem,
A geração dos homens crocodilos.
2 Não basta o estranho assédio dos bacilos,
Microscópicas feras que o carcomem,
Nem vale a insaciedade do abdomem,
Que nivela filósofos e esquilos.
3 Todo o século vinte foge, aos berros,
Da besta humana que se junge aos ferros
Da horrenda montaria de Mavorte.
4 E eis que o homem do rádio morre à mingua,
Para acordar sem luz, sem mãos, sem língua,
Em tenebrosos círculos da morte!…
Augusto dos Anjos
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