8ª reunião | 22 de novembro de 1956.
Presentes: Arnaldo Rocha, Ênio Santos, Elza Vieira, Francisco Gonçalves, Geni Pena Xavier, Francisco Teixeira de Carvalho, Geraldo Benício Rocha, Edmundo Fontenele, Joaquim Alves, Francisco Cândido Xavier, Zínia Orsine Pereira, Áurea Gonçalves, Izaura Garcia e Waldemar Silva.
Comunicação recebida pela médium Zínia Orsine Pereira.
Trazida aqui por desveladas mãos, venho contar a vocês o quanto sofre, depois do túmulo, uma criatura fraca, leviana e ingrata. Por mais fértil nos seja a imaginação, ninguém poderá calcular a minha dor, o meu sofrimento e o abandono a que fui relegada. Meu coração sangra ainda com a repercussão dos dolorosos fatos que culminaram com a minha morte.
Sabia que havia morrido, pois acompanhei o meu próprio enterro, mas apesar de tudo isso, não sei o porquê, continuava viva e a minha agonia me parecia eterna.
Venho trazer-lhes um libelo contra mim mesma, de vez que estou sinceramente arrependida e porque também me disseram que não devia fugir à confissão do meu erro, porque a humildade é o caminho mais seguro e menos penoso para a nossa reabilitação.
Sei que errei e fali quando tudo me concitava a vencer.
Abandonei o meu lar, esquecendo o esposo e sobrecarregando-o ainda com os cuidados de uma menina de quatro anos, flor de carne que brotara do meu próprio seio e que morreria, meses depois, com saudade de sua mãe.
Insensata, entreguei-me a novo amor, esquecida de todos os meus deveres e responsabilidades, e talvez até do próprio Deus. Mas logo tive notícias de que minha filhinha havia morrido, reclamando a minha presença até sua última hora de vida… Eu, exasperada, desalentada, procurei a morte também, com um tiro no coração.
Daí para adiante a minha agonia não teve fim e não sei porquê, não podendo chorar, as minhas lágrimas ferventes escaldavam-me o coração, que se desfazia em pedaços de sangue, a escaparem constantemente da minha boca!…
Estou exausta e não posso mais!…
Afirmaram-me, aqui nesta casa, de que não há penas eternas e que Deus é bom. E eu agora acredito, pois desde que aqui cheguei não senti mais as terríveis hemoptises que me dominavam e já posso chorar, porque isso é um grande alívio para mim.
Entrevejo também, nos semblantes aqui presentes, alvo da tranquilidade que tanto me falta.
Sofri, sofro e sofrerei até que consiga encontrar de novo a minha filha e o marido abandonados. Serei escrava de ambos, pois estou muito saudosa do lar. E se essas minhas dolorosas palavras servirem de advertência para alguém já será um pouco de felicidade para mim!
Sou tão sofredora e tão infeliz!
Piedade! Piedade! É a bênção que suplico na bênção da prece que rogo a todos.
Ernestina Vilar