1ª reunião | 4 de outubro de 1956.
Presentes: Arnaldo Rocha, Francisco Teixeira de Carvalho, Elza Vieira, Francisco Gonçalves, Francisco Cândido Xavier, Geni Pena Xavier, Edmundo Fontenele, Geraldo Benício Rocha, Nélio Cerqueira Gonçalves, Edite Malaquias Xavier, Aderbal Nogueira Lima, Laura Lima, Zínia Orsine Pereira e Waldemar Silva.
Comunicação recebida pelo médium Geraldo Benício Rocha.
“Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo”: foi assim que o negro André começou na seara do bem, louvando ao Santíssimo Nome. Posso hoje expressar-me em linguagem comum, acompanhando-vos o passo nos benefícios da civilização. As graças que o Senhor me concedeu no convívio amoroso daqueles que dirigem os trabalhos de evangelização, de há muito, me burilam a alma, a fim de que eu também alcance as luzes do Evangelho de Jesus, nosso Senhor.
A base da regeneração de minha alma, alma tão negra como a cor que me coloria a epiderme, foi crer que a Imaculada Mãe de Jesus era igualmente minha mãe, mãe de todos os desgraçados, qual sejam os velhos cativos, vendidos nos mercados do mundo como mercadoria de parco valor. E da excelsitude divina, onde seu coração misericordioso ampara todas as criaturas, desceu o orvalho misericordioso para socorrer aquele que se havia perdido nas estradas da vida, nos cipoais da treva, do orgulho, da vaidade e do poder.
Na existência última, trouxe comigo os benefícios da escravidão, encontrando, assim, no seu coração amoroso, a luz que me conduziu a outros companheiros, outrora infortunados como eu, que já tinham recebido em seu coração as divinas sementes do Evangelho, dessa árvore frondosa, de sombra amena e de frutos saborosos, que nos tem alimentado a esperança e que nos tem acolhido nesses caminhos escaldantes e que temos obtido a necessária e abençoada renovação.
Recebei, desse modo, a minha expressão de reconhecimento e louvor. Minhas lágrimas unem-se agora às lágrimas de alegria de quantos hoje aqui se encontram, entoando hosanas ao divino Senhor pelas misericórdias que nos tem concedido, sorvendo, com todos os meus companheiros, o perfume das flores da gratidão, da esperança, da fé e da melhor compreensão que nos eleva o grupo de trabalho ao justo engrandecimento.
Essa é a mensagem que, há muito tempo, desejei trazer-vos a todos, meus filhos. Perdoai-me se as palavras não me correspondem ao coração. As grandes alegrias, como são grandes dores, também fazem lágrimas e a gente não sabe falar confiando somente às lágrimas a tarefa de adubar e fortalecer a árvore da esperança.
Desculpai, dessa forma, ao preto velho. Ele se despede, louvando ao nosso Senhor Jesus Cristo, à nossa Mãe Santíssima, suplicando-lhes para que nos protejam a todos no caminho do aperfeiçoamento, conservando-nos a alegria de lutar e servir sempre na prática do Evangelho da caridade e da perfeição, a única via que nos elevará para o reino da luz. E por que o velho André não pode falar mais, repito convosco a divina saudação: “Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!”
André