1 Suspirando pelo domínio do espaço, embriaga-se o homem, prelibando a contemplação dos reinos multifários da natureza cósmica, e muitas vezes, fascinado pelas grandes promessas religiosas, antecipa-se ao julgamento da Humanidade, mentalizando cataclismas de variada expressão, com os quais cessaria a Divina Providência de reformar-nos a oportunidade de trabalho e progresso, burilamento e elevação sobre a Terra.
2 Entretanto, lembra-te de que, para as milhares de consciências que hoje partiram ao encontro da grande renovação pelos braços da morte, todo o painel da existência sofreu modificações viscerais e profundas.
3 Há revelações e surpresas todos os dias para quantos se veem inelutavelmente chamados a definitivas transformações.
4 E cada viajor constrangido a alterações dessa espécie caminha, segundo as suas próprias afinidades e preferências, para a Esfera que lhe corresponde aos desejos.
5 Não olvides que além da Terra, em cuja protetora vestimenta agora estagias, outros Círculos te aguardam o cérebro e o coração.
6 Qual ocorre na experiência terrestre, em que diversos setores de atividade se entrosam no espaço de que dispomos, além do túmulo os delinquentes fazem a flagelação da penitenciária, os viciados constroem o cortiço da treva adequada à loucura em que respiram, os trabalhadores fiéis ao bem sustentam a oficina da caridade e os devotos da fé prosseguem construindo o túnel de esperança entre a dúvida humana e a certeza inalienável.
7 Não cabe, desse modo, desatar teus laços de trabalho permanecendo no êxtase inútil, na previsão ociosa de paisagens e acontecimentos que surgirão para quem se libertar pela própria sublimação, porque o mundo que, em verdade, nos alçará ao Céu pleno será o mundo de nós mesmos, quando nos afastarmos da sombra para vivermos inteiramente na luz.
Emmanuel
[1] O título entre parênteses é o mesmo da mensagem original publicada em 1971 pela editora GEEM e é a 12ª lição do
livro “Plantão da paz.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto do livro impresso.