1 Paulo Neto amava a jovem
Lenita, filha de Nestor,
Uma estrela que esbanjava
Luz e paz, na vida em flor.
2 Falavam todos os dias
Sobre o celeste momento
Em que chegassem a ter
O noivado e o casamento.
3 Paulo, porém, a serviço
Foi ao Sítio da Cancela,
Viu a menina Carlota,
E apaixonou-se por ela.
4 Buscou Lenita e lhe disse
Que achara muito serviço,
Não mais podia encontrá-la
Para qualquer compromisso.
5 A mocinha apavorada,
Mostrava o maior espanto,
Articulava duros gestos,
E gritava, banhada em pranto.
6 Chamava Paulo “traidor”
E a Carlota moça “imunda”.
Tinha Lenita, na face,
Uma revolta profunda.
7 Paulo Neto desculpou-a
Definindo-a por doente,
E mais unido a Carlota,
Casou-se, seguindo em frente.
8 Depois de um ano o casal
Viajando em carro forte,
Batendo numa carreta,
Os dois acharam a morte.
9 Houve mudança em Lenita
Dizendo na provação
Que qualquer morto no mundo
Pede consolo e perdão.
10 Depois, dez anos passados,
Lenita encontrou Tenório,
Distinto negociante
E dono de grande empório.
11 Aproximaram-se os dois,
Mais além da cortesia,
Trabalhando, se casaram
Sem festa e sem fantasia.
12 Decorridos nove meses
Que a matéria determina,
Lenita ganhou dois gêmeos,
Um menino e outro menina.
13 Vimo-la aos beijos de mãe
Renovada e enternecida,
Dizendo às crianças que Deus
É o autor da nossa vida.
14 Abraçada aos dois pimpolhos
Falava em ternos carinhos:
— Agora é que sou feliz,
Meus filhinhos, meus filhinhos!…
15 Um amigo espiritual,
Ante a fé que não se esgota,
Disse: — Estamos vendo de volta,
O Paulo Neto e a Carlota!…
16 E acentuou: — Meus amigos,
Bendita é a reencarnação,
A Lei que nos guia e nos eleva,
Aos cimos da evolução!…
Jair Presente
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