O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Renascimento espiritual — Familiares diversos


11

Cláudio Giannelli

NASCIMENTO: 17 de julho de 1947.
DESENCARNAÇÃO: 16 de novembro de 1992.

Formado em advocacia pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo/SP, dias antes de desencarnar, deixava transparecer para seus familiares uma insistente preocupação de que sua partida deste Plano Terreno estaria prestes a se cumprir. Em vários comentários externava à sua esposa essa preocupação, que não demorou muito a acontecer. Ao dirigir-se para a sua residência após ter saído de uma Instituição bancária quando fora cumprir as obrigações de um bom cidadão a saldar seus compromissos empresariais, foi perseguido e atacado por assaltantes a poucos metros de seu lar, sendo alvejado por um projétil vitimando-o até a morte. Uma bala mortífera, como comenta em sua mensagem.

Pessoa muito querida no meio familiar por seus dotes de bondade e alegria, Cláudio rapidamente se refez na Espiritualidade, pois, no seu aprendizado terreno, buscara sempre no diálogo e no carinho encontrar soluções que abrandassem as necessidades existentes.

Suas palavras provam isso: “Mas quando tive o primeiro impulso de revolta, meu pai asserenou-me, pedindo que eu entregasse tudo a Deus e de nada me queixasse. Segui aqueles conselhos que me tocaram a alma e pude esperar que passassem alguns dias até o momento de rever Zilda e os filhos.”

Chico Xavier afirmava que Odília, irmã de Cláudio, estava a caminho de Uberaba e que chegaria nos próximos minutos. Ela não havia confirmado sua ida a Uberaba e conforme Dona Zilda, Odília naquele dia aprontou-se com necessidade absoluta de ir em viagem ao encontro do Chico. A mensagem de Cláudio foi a única recebida naquela noite.




MENSAGEM


Há situações em que não podemos sorrir, mas em todos os instantes nos será possível entregar-nos a Deus, desculpar e confiar.

1 Queridos irmãos Odília e Gilberto, Jesus nos abençoe.

2 Muito grato. Vocês vieram a este pouso de prece, pensando no irmão que foi violentamente afastado da existência.
Lamento que a nossa querida Zilda não tenha tido oportunidade de vir com vocês.

3 Estou bem, no entanto, ver a esposa tão atribulada não me permite um passo a mais na renovação de que necessito.

4 Rogo, porém, a vocês dois, irmãos de minhalma, entregarem a ela e aos meus filhos queridos a certeza de que estou sempre vivo para continuar a amá-los e protegê-los quanto se me faça possível.

5 A morte do corpo é mudança de vestimenta, sem alterar-nos naquilo que realmente somos.
Rogo nesta abençoada noite para que se transformem nos mensageiros de minha esperança de esposo e pai. Nunca poderia esquecer a família querida, em qualquer circunstância. Zilda, a companheira fiel e sempre mais querida por mim, com Eduardo; o nosso Dudú, com o nosso Fábio, que foi em todos os dias, o nosso amado Fabinho, com a nossa Silvia, minha filha do coração e com os nossos menores Vinícius e o nosso caçula, estarão comigo, na memória, em todos os momentos.

6 Digam-lhes, por favor, que estou bem, do ponto de vista de amparo e socorro, entretanto, carregando o pesado fardo da saudade, de vez que não me seria possível, nem mesmo na morte, esquecer nossa felicidade e harmonia em família.

7 Para esclarecimento, especialmente à nossa Zilda, comuniquem a ela que estive consciente, embora plenamente anulado, até o Hospital São Caetano.

8 Quando me vi cercado por médicos e enfermeiros, um homem chegou, de leve, até onde me achava estirado e se aproximou de meus ouvidos, dizendo-me: “Filho, não tenha medo! Jesus não nos abandona. Não se aflija com a agressão de que foi vítima! Descanse o seu pensamento que a dor esfacela e pense na Bondade de Deus! Entregue a esposa e os filhos à Misericórdia Divina e repouse…” 9 Quem me falava assim no tom que não posso esquecer? Ele respondeu-me: “Estamos juntos. Sou o seu pai Mário que volta a você para transportá-lo comigo!” Ao ouvir aquelas palavras as lágrimas me brotaram dos olhos e procurei a tranquilidade na oração última.

10 Então, senti que, enquanto ali se preocupavam com o meu corpo ensanguentado pelo tiro que me alcançara, meu pai ali estava comigo auxiliando-me a confiar em Deus. 11 Uma bênção de paz me desceu ao coração e entreguei-me aos braços de meu pai, que se fazia acompanhado de outros amigos. 12 Retiraram-me do corpo devagarinho, como se para ele houvesse voltado a ser criança. 13 Colocou-me de pé e abraçou-me como se eu estivesse nos dias da primeira infância e, tão pacificado me vi, que entrei num sono calmante para mim naquela hora incompreensível.

14 Em seguida, carregando-me nos próprios braços, notei que deixávamos o Hospital e nos puséramos a caminho. Chegamos, seguidos pelos amigos que lhe partilhavam aquele maravilhoso transporte e fui internado numa clínica de grande tamanho, numa paisagem que não era mais a nossa.

15 Ali, com a passagem de algumas horas, meu pai informou-me quanto a minha nova situação. Fiquei ciente que alguém projetara sobre mim uma bala mortífera. Mas quando tive o primeiro impulso de revolta, meu pai asserenou-me, pedindo que eu entregasse tudo a Deus e de nada me queixasse. 16 Segui aqueles conselhos que me tocavam a alma e pude esperar que passassem alguns dias até o momento de rever Zilda e os filhos. Chegou esse momento, em dezembro, e pedi a Jesus me desse a bênção do Natal para que me aproximasse da esposa querida sem agravar-lhe a mágoa diante do ato infeliz que me afastara da existência física.

17 Cheguei emocionado em nossa casa da Rua Thomé de Souza e achei a querida esposa tão ferida no íntimo que não suportei o pranto que se represava dentro de mim. Chorei ou choramos juntos e, até agora, estou trabalhando para asserenar-lhe o pensamento de mãe que enfrenta as provações da viuvez.

18 Depois dos primeiros reencontros, nos quais beijava, com ela, cada um de nossos filhos, pude visitar vocês, Odília e Gilberto, em São Bernardo, e rever a mamãe Benedita igualmente desolada.

19 Nessa luta pelo apaziguamento da família tenho estado até agora, mas peço a vocês rogarem à nossa Zilda conformação e esperança. E roguem também aos meus queridos filhos não comentarem a dolorosa prova de meu desenlace da Vida Física, e nem guardarem qualquer desconfiança ou o veneno do ódio no coração.

20 Peçam ao Dudú conformar-se e auxiliar aos irmãos para que não se queixem de minha vinda para o novo ambiente em que estou, pois a paz da família é a minha paz. Quem comete um delito, fere a si mesmo e não à vítima que caiu prostrada e indefesa, mas confiante em Deus.

21 Você, querida Odília, a quem amamos por nossa mais querida irmã, você que tem a experiência de haver lido ou revisto tantos processos, ajude minha e nossa família a pensar, abençoar e perdoar. Quem mata o corpo de alguém terá ferido a si mesmo, estrangulando a memória e perdendo a própria paz.

22 Há situações em que não podemos sorrir, mas em todos os instantes nos será possível entregar-nos a Deus, desculpar e confiar.

23 Que os assuntos transitem na Justiça é um problema dos homens, mas por nós mesmos sabemos que Deus é Vida e Paz, Bondade e Justiça.

24 Estou quase feliz, se não fosse o sofrimento da saudade, no entanto, pensando assim, estou quase feliz, porque estou podendo falar a você e ao nosso caro Gilberto que são irmãos de meu coração e apoios de minha vida. 25 Peçam à Zilda para conservar a loja que Deus nos concedeu para o pão de cada dia e que ela tenha a certeza de que continuarei a partilhar com ela e os nossos meninos o trabalho habitual. 26 Sobre o que me aconteceu, que todos os nossos guardem silêncio e me ajudem com os pensamentos de perdão e paz. Nada de agravar problemas que não nos pertencem.

27 Digam ao Dudú para ir com alegria ao nosso recanto do Guarujá, quando quiser reconstituir as próprias forças. Não desejo que meu filho já maior tenha receio de solidão.

28 Quando lhes for possível, levem meu carinho à mamãe Benedita e quero que vocês dois saibam que a nossa estimada mãe Dona Lili aqui se encontra em minha companhia e abraça-os, carinhosamente.

29 Ela se declara muito agradecida à dedicação de vocês no tempo em que esteve adoentada e abatida e afirma que pede sempre a Jesus abençoá-los e auxiliá-los cada vez mais.

30 Queridos irmãos, Odília e Gilberto, a emoção não me permite escrever mais. Agradeço a vocês dois por todo o bem que nos fazem. Com muito amor à nossa querida Zilda e aos meus filhos, rogo a vocês dois receberem o coração confortado do irmão que lhes será sempre e sempre, muito agradecido.


Cláudio

Cláudio Giannelli




ESCLARECIMENTOS


Pais: Mário Giannelli.
Benedita dos Santos Giannelli.

Esposa: Zilda de Souza e Silva Giannelli.

Filhos: Eduardo de Souza e Silva Giannelli, Fábio de Souza e Silva Giannelli, Sílvio de Souza e Silva Giannelli, Vinícius de Souza e Silva Giannelli, Denis de Souza e Silva Giannelli.

Irmã: Odília de Souza e Silva Ducatti.

Cunhado: José Geraldo Ducatti.

Hospital São Caetano: Rua Espírito Santo, em São Caetano do Sul - SP.

Dona Lili: Mãe de Gilberto.


Rubens S. Germinhasi


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir