O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Renascimento espiritual — Familiares diversos


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Nelson Lobo de Barros

DESENCARNAÇÃO: 01 de agosto de 1981.

Perseverança, amor e vontade de empreendedor cristão, Nelson Lobo de Barros deixa na grafia de sua carta-mensagem à querida esposa, o seu reconhecimento às tarefas realizadas na Cidade de Cristo Redentor, no bairro de Itaquera em São Paulo, como marco inicial de suas atividades espíritas cristãs na cobertura aos carentes da mão e do coração amigos, quando a orfandade grassa os deserdados da paternidade humana.

Revela com muita serenidade na visão espiritual a sua desencarnação, o apoio recebido do Dr. Bezerra de Menezes e o de seu pai Arthur.

O reencontro em minudências retrata como a consciência das obrigações e dos deveres atua, quando o trabalho da caridade está gerado na iniciativa cristã.

Ao lermos sua mensagem, deparamos a atenção e o carinho no reconhecimento aos amigos que o incentivaram e colaboraram em sua empreitada, na construção dessa obra que hoje representa um posto socorrista neste planeta que se projeta para o futuro, como uma das moradas de Deus no plano evolutivo das causas cristãs.

Dr. Nelson Lobo de Barros, formara-se em Economista, exercendo sua profissão como Diretor do Banespa, Banco do Estado de São Paulo.




MENSAGEM


“… Sou reconhecido a todos os amigos e companheiros que, no transcurso dos anos, estiveram conosco emprestando-nos colaboração e carinho…”

1 Querida Matilde, Deus nos abençoe.

2 O tempo devora os acontecimentos, no entanto, deixa incólumes os sentimentos mais elevados que nos orientam a vida.

3 Não imaginava pudesse tão depressa encontrar o intercâmbio preciso para reafirmar a você que estou vivo ou aliás, que estamos ambos, envolvidos na mesma faixa de ideal e trabalho.

4 Sonhamos unidos o que hoje é o presente, e do sonho emergiu todo o campo de realizações que nos contempla na expectativa de nosso apoio para que se lhe garanta a sustentação. E creio que falo acertadamente quando afirmo que a obra nos fita ansiosamente, mais do que a enxergamos com os nossos próprios olhos, de vez que, em momento algum, mentalizamos a situação atual em que o trabalho efetuado nos requisita mais trabalho.

5 Ontem, era o duro esforço dos alicerces, os dias longos em que o descanso noturno se nos fazia muito mais um desmaio do que o repouso natural, porquanto era imperioso misturar água e terra, cimento e pedras, com os calos de nossas mãos…

6 Agora, esses marcos de trabalho jazem vivos em nossa mente, enquanto nos esfalfamos à busca de recursos outros que nos assegurem as funções da casa, a dividir-se em casas diversas a nos requisitarem assistência e amor.

7 Compreendo, por isso mesmo, as preocupações que são igualmente minhas.
E me sinto feliz, colocando a obra na frente de nossas próprias saudades mútuas.

8 Assim deve ser, porque as minhas construções e as menores minudências das construções da Cidade do Cristo Redentor, em nossa abençoada terra de Itaquera estão impregnadas de nosso próprio amor e de nosso imenso afeto, que exteriorizamos em forma de edifícios conjugados em que os nossos corações estarão entrelaçados para sempre.

9 De todos os problemas que poderia transportar comigo, de uma vida para outra, esse da manutenção de nossa cidade de Amor e Paz foi e continua sendo o maior, muito embora seja você o centro de minha própria vida.

10 Acontece que nunca assumimos a posição de donos da realização que pertence aos Mensageiros do Senhor e, por isso, com muito mais força de carinho e dedicação, aqueles telhados e aquelas paredes de alvenaria, todas aquelas estruturas e todas as formações nascidas de suas inspirações e contatos com o nosso amigo Dr. Bezerra e outros Benfeitores Espirituais, como que permanecem dentro de mim, qual acontece com você e, juntos, esperamos que a Infinita Bondade de Jesus se manifeste, socorrendo-nos as petições de amparo, a fim de que os nossos esquemas de ação prossigam para a frente com a segurança dos primeiros dias em que toda nossa relação de trabalho não passava de preces e pensamentos do princípio.

11 Segundo você própria consegue observar, continuo atento aos compromissos que esposamos. Voltei à Vida Espiritual, mas de certo modo ficando aí mesmo, em sua companhia porque não há convites para alegrias maiores capazes de superar a felicidade de nos rejubilar e de sofrermos unidos, na mesma pauta de confiança em Deus.

12 Perdoe-me querida companheira, se nos dias últimos do corpo, várias vezes o seu entusiasmo me encontrou sob indisfarçável fadiga, aquela mesma fadiga que me ditava hesitações e considerações sem razão de ser, graças a Deus, a sua constância e sua firmeza de ânimo se me impuseram de tal modo, que o meu cansaço de doente não conseguiu interferir na rota de nossas edificações.

13 O ideal do amparo à criança com todas as possibilidades de que pudéssemos dispor continuou íntegro em seu coração da companheira e de missionária do bem e, assim, posso compartilhar-lhe das perspectivas de tempos melhores para a sustentação da província de fraternidade e união em Cristo que nos foi possível organizar, refletindo em nosso débito para com os pequeninos.

14 Sou grato ao nosso amigo Peter que prossegue ao nosso lado, assistindo-nos com a sua amizade e com a sua dedicação e estamos certos de que todas as questões decorrentes do andamento junto da obra serão resolvidas.

15 E sou reconhecido a todos os amigos e companheiros que, no transcurso dos anos, estiveram conosco, emprestando-nos colaboração e carinho, apoio e experiência. Sei que a atualidade se caracteriza por dificuldades diversas, porquanto a minha vinda para Cá deixou pendentes assuntos vários que só o tempo, com a bênção de Deus, poderá superar.

16 Aguardemos. A verdade é que embora a fé na sobrevivência nos comande as convicções, ninguém aguarda a visita da morte e não consegui adivinhar estivesse tão perto de mim o ponto final do tempo que me foi concedido na etapa que terminou.

17 Desculpem-me, pois, você e os amigos, se muitos processos de interesse fundamental para a nossa instituição ficaram como que suspensos no mecanismo das horas. As forças do Mais Alto não nos abandonam. Aguardemos. Temos estado em comunhão recíproca, nestes meses últimos estudando, refletindo e sopesando situações que nos restituam a paz e os Emissários do Senhor não nos deixarão sem apoio.

18 Quero agradecer a você por todo o tempo abençoado de alegrias e luzes espirituais que a sua presença me proporcionou. Desnecessário dizer que você foi sempre e continua sendo a minha inspiração e o amor imortal de meus dias. 19 Muito grato por sua paciência para com o seu lobo cabeçudo e difícil de frear. Muito grato por todas as horas lindas e inesquecíveis nas quais você esculpiu em mim a personalidade do homem que me cabia ser. 20 Foi pensando em você que pude sobreviver a tantos obstáculos e foi em sua companhia que alcancei a maturidade espiritual necessária para crescer espiritualmente na compreensão da vida que o seu devotamento implantou em meu espírito. 21 Naqueles minutos aflitivos de tratamento final do corpo enfermo na câmara de assistência intensiva, não suponha ter sofrido com qualquer método de ação imaginariamente socorrista que me fosse administrado.

22 A sua imagem e o seu carinho dominaram os meus pensamentos. Desliguei-me de qualquer possível sofrimento no envoltório físico para me acomodar com as preces tão nossas nas quais pedi a Deus a protegesse e resguardasse, já que me sentia na condição do viajante prestes a tomar o comboio que se transferia para o nosso Grande Lar.

23 Naquela noite que nos ficaria na memória por vesperal de um adeus que sabíamos para suposta separação, não consegui a bênção do sono, ainda mesmo que os coquetéis tranquilizantes do hospital me fossem doados, generosamente. O Espírito velava sobre todas as contingências do veículo em desgaste.

24 Pela madrugada, uma neblina leve e suave me circundou e a se destacarem nela, a face do nosso venerado Dr. Bezerra e a face sorridente de meu pai Artur.

25 Entendi que me acenavam chamando-me à partida e consagrando a você os meus últimos pensamentos deslanchei do corpo cansado para a viagem. Amparado por aqueles amigos queridos, um torpor invencível veio a mim e descansei ignorando de que modo as minhas energias esmoreceram.

26 Voltando a mim, porém, como que me familiarizara com o novo ambiente. Consegui reaver o comando do corpo espiritual e depois de breves dias sobre o meu despertar, recebia a visita de amigos de nossas reuniões da prece no lar e de companheiros outros que me encorajaram.

27 Amigos da Federação que conhecera ou de que tivera conhecimento em nossa passagem no campo do aprendizado e das aulas de Evangelho, vinham abraçar-me hipotecando-me solidariedade.

28 O Américo Montagnini, o Anselmo, o Waldemar Nunes, o Patrício Miranda e tantos outros me confortaram e as suas orações e vibrações de amor chegavam a mim por bendito orvalho reconfortador.

29 Agora, retomei o arado junto de seu coração como não podia deixar de ser. E continuamos para a frente. 30 O auxílio dos companheiros banespianos me fala muito alto aos sentimentos, em me referindo não apenas aos dias do agora mas igualmente aos dias passados e espero que a doação da festa rotária se nos faça um estímulo precioso.

31 Deus abençoe e recompense aos nossos amigos Dr. Martins e a benfeitora Dona Felicidade por se lembrarem de nós porque também nós ambos nos lembramos deles.

32 Jesus não falha em tempo algum. E o nosso templo repartido em tantos refúgios há de ser para as crianças o lar que sonhamos.

33 Peço a sua alegria e a sua coragem. Nos dias de nossos contatos públicos de oração e esclarecimentos evangélicos, tanto quanto se lhe faça possível, compareça ao nosso anfiteatro de luz e interprete os sagrados ensinos.

34 Deus é Amor e o Amor de Deus nos sustentará. Renove as suas energias nas fontes do pensamento e não mentalize qualquer ideia de fadiga ou desencarnação, porque o Senhor jamais se empobrece de misericórdia e no Banco da Providência Divina as reservas e créditos são inesgotáveis. Estejamos confiantes.

35 Agora, termino a conversação que o lápis me proporcionou, mas prosseguiremos permutando ideias em nossas reflexões do silêncio.

36 Querida, ore e confie sempre.

37 Em seus passos e em suas realizações, como sempre pulsa todo o coração do seu, sempre seu,


Nelson

Nelson Lobo de Barros




ESCLARECIMENTOS


Esposa: Matilde Rocha Barros, desencarnada.

Pai: Arthur de Barros, desencarnado.

Casa do Cristo Redentor: Instituição Assistencial para a Criança Órfã. Rua Agrimensor Sugaya, 986. Caixa Postal 53.008, Itaquera - São Paulo - SP.

Peter: Amigo espiritual.

Federação: Federação Espírita do Estado de São Paulo.

Amigos da Federação: Américo Montagnini, Anselmo, Waldemar Nunes, Patrício Miranda.

Companheiros Banespianos: Dr. Martins e esposa Dona Felicidade, companheiros quando Dr. Nelson Lobo ocupava cargo Diretório no Banco do Estado de São Paulo - Banespa.


Rubens S. Germinhasi


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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