1 Certa mulher sofrida no trabalho
E que agia tão só na prática do bem,
Teve, um dia, saudade de Jesus
E passou a viver concentrada no Além.
2 Muito tempo, lutara dia a dia,
Vencendo sombra, empeço, tentação,
Servira a muita gente, mas supunha
Que todo o longo esforço houvera sido vão.
3 Trazia os pés feridos, indagando
Se a Terra não seria estranho espinheiral,
Conquanto a fé lhe acalentasse o peito,
Declarava temer a vitória do mal.
4 Suportara, sem mágoa, ingratidões e golpes,
Entretanto, cansara se, por fim,
Queria agora a paz do Lar Celeste,
Sonhava entrar em fúlgido jardim…
5 Desejava esquecer a tristeza e a fadiga,
A poeira do mundo e a cinza do pesar,
Suplicava a Jesus lhe concedesse,
O caminho do Além e o dom de descansar.
6 Jesus, porém, um dia, veio e disse: “Filha,
Enquanto houver na Terra algum sinal de dor,
Estarei, entre os homens, trabalhando
Para a Bênção de Deus, em tarefas de amor.
7 “Mas se queres partir, segue adiante,
Busca os sóis da Divina Primavera,
Construíste, lutaste, padeceste,
Conquistaste o repouso, a Paz te espera.”
8 Mas aquela que ouvira o Cristo Amado,
Não mais pensou no Céu, nem no Porvir,
E, seguindo a Jesus, achou na própria Terra
A alegria de amar e o prazer de servir.
Maria Dolores
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