1 O Espírito culpado em lágrimas vagueia,
O tempo é o mar de dor em que se perde agora,
É um duende a gemer na mágoa que o devora,
Entre muros mentais, ergue a própria cadeia.
2 Quer voltar ao passado… Implora, titubeia…
Nisso, a ideia de Deus é faísca de aurora
A surgir-lhe no peito e o peito se lhe enflora,
Dá-se à luz da oração e a fé se lhe incendeia…
3 A prece alcança o Azul e, às súbitas, se eleva,
Alguém volve do Alto aos turbilhões da treva,
Afaga o sofredor, cansado e maltrapilho…
4 E uma filha de Deus, quando em sono profundo,
Abre os braços de mãe para trazê-lo ao mundo,
Ele nasce e ela canta: — “Ah! meu filho!… meu filho…”
Narcisa Amália
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