Reunião pública de 14-12-1959.
Questão n.º 931.
1 Compadece-te de quem se aproxima.
2 Não te encarceres nas aparências.
3 Há risadas que disfarçam soluços.
4 Muita veste custosa esconde feridas.
5 O legislador que te parece feliz muita vez gemerá em desespero silencioso.
6 O administrador que passa, indiferente, carrega na cabeça tão esfogueantes problemas que deixou de saudar-te.
7 O expositor de ensinamentos sublimes que se te afigura a cavaleiro das vicissitudes humanas caminhará, talvez, cada dia, atormentado de tentações.
8 O titulado que respira sob o apreço público, pela elevação cultural e profissional a que se guindou, em muitas ocasiões transporta consigo amargas experiências.
9 O comerciante que supões regalado, na mesa opípara, guarda provavelmente o estômago ulceroso, com extrema dificuldade para comer.
10 O artista que presumes campeão do prazer, porque trabalha sorrindo, quase sempre possui no coração um vaso de lágrimas.
11 A mulher que julgas vaidosa, porque anda adornada, em muitas circunstâncias chora por dentro, crucificada no martírio doméstico.
12 A pessoa que acreditas insensata, por revelar-se autoritária ou pretensiosa, na maioria das vezes é simples caso de obsessão.
13 A sociedade é filtro gigantesco do espírito.
14 Cada consciência permanece no crivo que lhe é necessário.
15 Atende à fome do corpo, mas não desprezes a fome da alma.
16 Alivia aqueles que exibem chagas à mostra; no entanto, ampara também os que trazem chagas ocultas.
17 Toda criatura pede auxílio e entendimento. E ninguém há que não seja digno de socorro e compreensão.
18 Cede, assim, aos outros a simpatia que advogas em favor de ti mesmo.
19 Todos sabemos que a Terra é ainda estação de lutas expiatórias, mas será de futuro o domicílio do Eterno Bem.
20 Contudo, estejamos certos de que o bem de todos começa sempre no esforço construtivo de cada um.
Emmanuel