Reunião pública de 23-1-1959.
Questão n.º 373.
1 Enquanto o vício se nos reflete no corpo, os abusos da consciência se nos estampam na alma, segundo a modalidade de nossos desregramentos.
2 É assim que atravessam as cinzas da morte, em perigoso desequilíbrio da mente, quantos se consagraram no mundo à crueldade e à injustiça, furtando a segurança e a felicidade dos outros.
3 Fazedores de guerra que depravaram a confiança do povo com peçonhento apetite de sangue e ouro, 4 legisladores despóticos que perverteram a autoridade, 5 magnatas do comércio que segregaram o pão, agravando a penúria do próximo, 6 profissionais do direito que buscaram torturar a verdade em proveito do crime, 7 expoentes da usura que trancafiaram a riqueza coletiva necessária ao progresso, 8 artistas que venderam a sensibilidade e a cultura, degradando os sentimentos da multidão, 9 e homens e mulheres que trocaram o templo do lar pelas aventuras da deserção, acabando no suicídio ou na delinquência, encarceram-se nos vórtices da loucura, penetrando, depois, na vida espiritual como fantasmas de arrependimento e remorso, arrastando consigo as telas horripilantes da culpa em que se lhes agregam os pensamentos.
10 E a única terapêutica de semelhantes doentes é a volta aos berços de sombra em que, através da reencarnação redentora, ressurgem no vaso físico, — cela preciosa de tratamento, — na condição de crianças-problemas em dolorosas perturbações.
11 Todos vós, desse modo, que recebestes no lar anjos tristes, no eclipse da razão, conchegai-os com paciência e ternura, porquanto são, quase sempre, laços enfermos de nosso próprio passado, inteligências que decerto auxiliamos irrefletidamente a perder e que, hoje, retornam à concha de nossos braços, esmolando entendimento e carinho, para que se refaçam, na clausura da inibição e da idiotia, para a bênção da liberdade e para a glória da luz.
Emmanuel