1 Quem disse, coração, que a prova te agrilhoa?
Que não tens condições para fazer o bem?
Olha a terra em que estás, maravilhosa e boa,
Sustentando e brunindo a força que a mantém!…
2 A árvore entrega ao vento as próprias folhas mortas,
O rio lança ao mar os detritos do mundo.
Muitas vezes, a flor com que te reconfortas
Vem de semente, ao léu, no pântano profundo…
3 Verte o ouro aos filões ocultos no cascalho.
O brilhante mais puro foi carvão.
Sob o trator, a gleba é um cântico do trabalho,
Acalentando, humilde, a luz da evolução.
4 Não te digas inútil, nem te rales
Em assuntos hostis de azedume e tristeza;
Segue, deixando ao longe amarguras e males,
A estrada é um festival de esplendor e beleza!…
5 Nada se perde. A dor é o berço da alegria,
O gelo unicamente é ausência de calor,
Tudo o que foge à lei, de novo, se inicia,
Tudo a vida refaz nas gradações do amor.
6 Ampara, ama, abençoa!… Agindo e crendo, avança!…
A Caridade irmana, o Bem constrói a paz!…
Deus te envia ao caminho as asas da esperança,
Esquece-te a servir, confia e vencerás!…
Maria Dolores
São Paulo, 3 de outubro de 1984.
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