“Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados…” — (TIAGO, 5.9)
1 Mergulhar o divino dom da palavra no vaso lodoso da queixa é o mesmo que inflamar preciosa lâmpada no conteúdo da lata de lixo.
2 Não transformes a própria frase em lama sobre chagas abertas.
3 Podes mobilizar a maravilha do verbo, para reajustar o bem, sem necessidade de estender o mal.
4 Ergue a esperança, ao pé dos que desfaleceram na luta. 5 Exalta a excelência do amor, perante aqueles que o ódio intoxica. 6 Louva as perspectivas da fé, ao lado dos que choram no desencanto. 7 Aponta as qualidades nobres do amigo que caiu em desvalimento. 8 Destaca as possibilidades de auxiliar onde os outros somente encontram motivos para censura. 9 Desdobra o trabalho restaurador onde o pessimismo condena. 10 Procura o lado melhor das situações para que o melhor seja feito. 11 E, quando os obstáculos morais se agigantem, como se a maldade estivesse a ponto de triunfar em definitivo, se não podes algo dizer em louvor da bondade, cala-te e ora.
12 Pensa no bem, quando não puderes falar nele.
13 A semente muda, renova a terra.
14 A gota silenciosa de sedativo, asserena o corpo martirizado.
15 Nunca te queixes dos outros, mesmo porque, em nos queixando de alguém, é preciso consultar o próprio íntimo para saber se em lugar desse alguém não estaríamos fazendo isso ou aquilo de maneira pior.
Emmanuel
(Reformador, maio de 1961, p. 98)