O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Palavras sublimes — Autores diversos


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No ideal de fraternidade com o Esperanto

1 Meu estimado Ismael, Deus nos ilumine.

2 Passa o tempo. A amizade e a confiança, contudo, persistem invariáveis. Irmãos no ideal de fraternidade com o Esperanto e companheiros de fé viva, com o Espiritismo, não te perdi no quadro das reminiscências trazidas no campo terrestre. Muitas vezes, embora não me surpreendas a colaboração indireta, demoro-me contigo, trabalhando na causa que nos identifica.

3 Que dizer-te, meu amigo, senão repetir o apelo do Plano superior que nos incita a prosseguir? Há mais de quinze anos, no campo da vida nova a que fui arrebatado, assevero-te que vale a pena sofrer aí no mundo carnal pela extensão da verdade e do bem.

4 Podemos mobilizar inúmeros recursos materiais no solo do planeta, desempenhar papéis importantes nas associações humanas, propriamente consideradas, no entanto, Ismael, creio agora que todo esse esforço de relevo da personalidade do mundo não passa de curso preparatório do Espírito. 5 O serviço que realizamos com a nossa alma, de coração para corações, as sementes de luz que possamos espalhar, os benefícios efetivos que sejamos suscetíveis de distribuir na esfera das edificações imperecíveis constituem ministério santificante que se valoriza intensamente na mudança de casa que nos é imposta pelo sepulcro. 6 Examinando com imparcialidade os dias que se foram, reconheço, meu irmão, que coisa alguma pude fazer na execução do programa sublime de trabalho confiado ao nosso esforço. Fui servo tolhido por enormes impedimentos, embora a boa vontade que me animava o coração, único título que podia apresentar aqui, em minha defesa. 7 Bastou, porém, esse propósito firme de trabalhar para que a Divina Bondade me amparasse o Espírito. A centelha do meu sincero desejo de ser útil mereceu a complacência de nossos maiores da Espiritualidade Superior e rejubilo-me agora com a tarefa de contribuir, palidamente embora, nos desdobramentos dos misteres que o Espiritismo nos trouxe. 8 Unamo-nos, irmanando raciocínios e sentimentos no trabalho com o Cristo. É indispensável que o otimismo nos lave a mente todos os dias! Por mais negros que sejam os quadros do mundo atual, é necessário compreendermos a partilha da responsabilidade. 9 Seria, porventura, mau o Plano em que nos movimentamos se fôssemos, individualmente, todos bons? Desconhecemos, acaso, que o “a cada um por suas obras” representa ainda assertiva de plena oportunidade? 10 Cremos, em nossa Esfera de ação, que a Terra em dificuldades nos deveria compelir a esforço mais eficiente. O homem descuidado da própria habitação não será insensato? 11 E esta paisagem maravilhosa que nos acolhe é nossa casa, nossa escola, nosso refúgio! Não podemos alegar impossibilidade de socorrê-la em lhe observando os problemas angustiosos, quando sabemos que o próprio Cristo não se declarou médico dos sãos. 12 As aflições do momento, as ânsias que parecem infindáveis, os antagonismos que separam os povos e as pessoas, as catástrofes sociais, os ensinos laboriosos da política dos homens, os ingratos estudos de eruditos e sábios do quadro moderno, todos os aspectos sombrios que assinalam agora a jornada humana simbolizam chamados à cooperação fraterna, convites diretos do Alto aos Espíritos de boa vontade para o apostolado da restauração. 13 Espiritismo e Esperanto, nossos dois grandes movimentos, são forças vivas e atuantes da elevação e da confraternização. Continuamos a prestar-lhes nosso concurso fiel. Unindo as criaturas entre si e projetando-lhes o impulso para o Supremo Pai, estaremos preenchendo finalidades nobilitantes de nossa tarefa na atualidade.

14 Aqui, igualmente, articulam-se medidas, arregimentam-se núcleos de companheiros para a colaboração avançada em que devemos permanecer vigilantes. Servimos à coletividade humano-espiritual dentro desse abençoado clima de compreensão e liberdade que a Terra possuirá nos séculos futuros. 15 As conquistas consolidadas entre nós, os desencarnados dos Círculos imediatos ao homem comum, serão também aquisições para o mundo carnal depois de pago o preço respectivo. Esse preço, Ismael, constitui-se de trabalho, sacrifício e elevação de cada aprendiz para o bem da comunidade que nos interessa. 16 É por esse motivo que hoje compreendemos na fé religiosa não somente o êxtase dos que procuram o divino, mas também o esforço dos que buscam santificar o humano. 17 O Espiritismo tem verdadeiros continentes ainda inexplorados de serviço a fazer e não podemos repousar sobre as convicções e as convenções, esquecendo a atividade renovadora. 18 Pouco a pouco, mercê de Deus, o quadro de nosso entendimento se transforma. Esperemos que os nossos irmãos se integrem no ideal da ação com a fé viva, da meditação com as obras, da emoção com o esforço individual a que todos somos chamados por aquele que se afirmou nosso divino Companheiro “até o fim dos séculos”.

19 Terminando esta carta, depois de tanto tempo de aparente separação, reitero-te minha fervorosa esperança no êxito de nosso idealismo. O Evangelho é o nosso templo sagrado de reunião. Operemos com ele, convencidos de que a nossa família permanece no lar universal.

20 Boa noite, meu caro irmão! Segue confiando em Deus e que a Sua bênção esteja sempre contigo!


José Tosta n



Reformador —  Janeiro de 1947.


[1] José Machado Tosta foi um tarefeiro do Espiritismo e do Esperanto, pioneiro em sua divulgação na Casa de Ismael. O movimento espírita desde sempre deve muito à sua pessoa e iniciativas. Segundo consta do original. a mensagem foi recebida em 28 de novembro de 1946.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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