O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Palavras sublimes — Autores diversos


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Disciplina cristã

1 Meus amigos,
Glória a Deus nas Alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade. ( † ) Meu coração se afoga subitamente no pranto, lembrando-me de que todos nós poderíamos nos encontrar no divino banquete. 2 O mundo, porém, atraiu grande parte dos nossos antigos companheiros com as seduções de seus efêmeros prazeres. Entretanto, os baluartes do templo de Ismael permanecem inabaláveis, edificados na rocha das grandes e consoladoras verdades do Evangelho de Jesus.

3 Minha voz, amigos, é hoje mais familiar e mais íntima. Substituindo, no momento, aquele cuja tarefa vem sendo penosamente cumprida, está o nosso irmão Xavier, para vos transmitir a minha palavra de companheiro e de amigo. n 4 Não me dirijo à Imprensa para vos falar ao coração, muitas vezes despedaçado, ao longo do caminho pelas perfídias atrozes de todos aqueles que concentram as suas energias no ataque ao instituto do Bem, à palavra do Evangelho e ao estatuto da Verdade.

5 Mas, filhos, se o Espaço que vos é vizinho está cheio de organizações poderosas do mal, objetivando a destruição da nossa obra comum, há uma Esfera divina, de onde partem os alvitres valiosos, a inspiração providencial, para quantos aqui mourejam com o propósito de bem servirem à causa da Luz e da Verdade.

6 Não necessito alongar-me em considerações sobre a grande e sublime tarefa do Brasil, como orientador, no seio dos povos, da revivescência do Cristianismo, restabelecendo-lhe as verdades fecundas,  7 nem preciso encarecer a magnitude da obra do Evangelho, problemas esses de elevado interesse espiritual para as vossas coletividades e cuja solução já procurei indicar, trazendo-vos espontaneamente a minha palavra humilde de miserável servo de Jesus.

8 Agora, amigos, cabe-me solicitar a vossa atenção para a continuidade do nosso programa, traçado há mais de cinquenta anos. 9 A Federação não pode prescindir da célula primordial de seu organismo, representada pelo Santuário de Ismael onde cada um afina a sua mente para a tarefa do sacrifício e da abnegação em prol da causa da Verdade, nem pode desviar-se do seu roteiro, delineado dentro do Evangelho, com o objetivo da formação da mentalidade essencialmente cristã.

10 Todas as questões científicas, no seio da Doutrina, repetimo-lo, têm caráter secundário, servindo apenas de acessórios na expansão das realidades espiritualistas.

11 Na atualidade, mais do que tudo, necessita-se da formação dos espíritas, da disciplina cristã, da compreensão dos deveres individuais, ante as excelências da doutrina, a fim de que se possam atacar os grandes cometimentos.

12 Firmai-vos na orientação que vindes observando, sem embargo das ideologias ocas que vos espreitam no caminho das experiências penosas. Somente dentro das características morais e religiosas pode o Espiritismo cooperar na evolução da Humanidade.

13 As criaturas humanas se envenenaram com o excesso de investigações e de empreendimentos científicos, para os quais não prepararam seus corações e seus espíritos. 14 Derivativo lógico dessa ânsia mal dirigida de conhecer a verdade é o estado atual de confusionismo, em que se debatem todos os setores das atividades terrenas, no campo social e político.  15 Não que condenemos a curiosidade, porquanto ela representa os pródromos de todos os conhecimentos; mas é, acima de tudo, que se faz necessário o método e a legitimidade da compreensão individual e coletiva.

16 Preparai-vos, portanto, preparando simultaneamente os vossos irmãos em humanidade dentro do ensinamento cristão e, amanhã, compreendereis, se não puderes entender ainda hoje, a sublimidade da nossa tarefa comum e a grandeza dos seus objetivos.

17 Que Maria derrame sobre os vossos Espíritos a sua bênção e que o Divino Mestre agasalhe sob o manto acolhedor da misericórdia todas as esperanças e anseios dos vossos corações.

F. L. Bittencourt Sampaio



Reformador — 1º de julho de 1936.


[1] Em referindo-se a Chico Xavier quando de sua visita ao Grupo Ismael na capital do Rio de Janeiro, na noite de 10 de junho de 1936. Segundo noticiado nessa edição de Reformador, em artigo assinado por Manuel Quintão, o médium mineiro chegou à cidade do Rio de Janeiro na noite de 6 de junho domingo, Ficando nessa localidade até o sábado seguinte, 13 de junho, quando retornou a Pedro Leopoldo. Incógnito, e em missão de trabalho pela Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, da qual era funcionário desde 1933, Chico Xavier teve por estendida a estadia inicial de 3 para 6 dias, resultando, assim, na visita a vários pontos turísticos da “Cidade Maravilhosa” a pessoas de seu conhecimento e às entidades maiores do Espiritismo da época, o Grupo Ismael e a Federação Espírita Brasileira. A comunicação de Bittencourt Sampaio e o soneto “Templo de Ismael”, da página 76, deste volume, foram reproduzidos posteriormente nas edições de Reformador de julho de 1967, de novembro de 2008 e na edição comemorativa ao centenário de nascimento de Chico Xavier, em abril de 2010, às páginas 34-35.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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