1 Carrega sem revolta a cruz que te aguilhoa
Às pedras e espinheiros da subida….
Se aceitaste Jesus, transfiguraste a vida
E o suor no madeiro é a luz que te abençoa.
2 Olha ao redor da senda em que transitas
As criaturas vestidas de embaraços;
Largaram-se da cruz com os próprios braços
E te acenam, de longe, anônimas e aflitas.
3 Algumas, em te vendo os passos vacilantes,
Zombam de ti com impropérios e insultos,
Conservando, no entanto, os tormentos ocultos
Dos remorsos no fel de lágrimas constantes.
4 Ouves na retaguarda injúrias, desatinos…
E elevas-te aguentando a cruz pesada,
Demonstrando a humildade aos amigos adultos
E falando de amor aos pequeninos.
5 Mostras a fé robusta aos homens desatentos…
A viagem é longa, em longos trechos brutos,
Chegas, porém, ao topo, em passos diminutos,
A esquecer-te dos pés doridos e sangrentos…
6 Do topo para a frente é tudo primavera,
A Natureza brilha; é a força de outra luz.
E buscas, mais além, o abraço de Jesus,
O Servidor Divino que te espera!…
Maria Dolores
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