1 — “Este é o campo de amor, onde Deus te situa!…”
Falou-me o Sol raiando… Em tudo, amanhecia…
Disse-me a vida: “Vem!… Semeia, enquanto há dia,
Honra-se, em toda parte, a Terra por ser tua!…”
2 Desço, porém, da gleba aos encantos da rua,
Escarneço da fé e enveneno a alegria,
Busco apenas prazer em vereda sombria,
Mas a morte aparece e a vida continua!…
3 Desvalido no Além, disputo o corpo aos vermes,
Tenho o peito gelado, as mãos tristes e inermes;
No entanto, o coração em labaredas arde…
4 Rogo mais tempo à vida e a vida me responde:
— “Esperas, filho meu, mais tempo não sei onde…
O teu dia se foi… Agora é muito tarde!…”
Jorge Matos
|